Uso de medicamentos não antirretrovirais e polifarmácia entre pessoas vivendo com HIV em início de terapia antirretroviral em Belo Horizonte, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i5.28301Palavras-chave:
Uso de Medicamentos; Polimedicação; Terapia Antirretroviral; HIV.Resumo
O aumento da expectativa de vida dos indivíduos vivendo com HIV contribuiu para a manifestação de comorbidades devido a múltiplos fatores, como a infecção pelo HIV, o uso de antirretrovirais e o envelhecimento. A utilização de outros medicamentos e a polifarmácia podem comprometer a adesão ao tratamento antirretroviral devido a potenciais interações medicamentosas e reações adversas. Foi conduzido um estudo de coorte com indivíduos vivendo com HIV que iniciaram terapia antirretroviral (TARV) em três serviços de assistência especializada em HIV/aids em Belo Horizonte, para descrever o uso de medicamentos não antirretrovirais e a polifarmácia entre indivíduos virgens de tratamento no período de 12 meses após o início da TARV. Os dados foram coletados por meio de entrevistas, de prontuários clínicos e em sistemas informatizados com dados sobre a dispensação de antirretrovirais e exames laboratoriais de carga viral e contagem de linfócitos TCD4+. Foram incluídos 433 indivíduos, dos quais 70,0% tiveram registro de utilização de medicamentos não antirretrovirais concomitantemente à TARV e 7,9% de polifarmácia em 12 meses de tratamento. Os subgrupos terapêuticos mais utilizados foram antibacterianos para uso sistêmico (29,6%), anti-histamínicos para uso sistêmico (7,1%), antimicobacterianos (4,8%), antimicóticos (4,8%) e psicanalépticos (4,4%). Os medicamentos mais utilizados foram sulfametoxazol e trimetoprima (10,8%), benzilpenicilina benzatina (6,3%), loratadina (5,7%), azitromicina (4,8%) e fluconazol (4,7%). A utilização de medicamentos não antirretrovirais nos 12 primeiros meses de tratamento foi elevada, com uma parcela importante em polifarmácia. Os medicamentos mais utilizados correspondem às indicações de profilaxia e tratamento de infecções oportunistas e toxicidades dos antirretrovirais.
Referências
Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa – ABEP. (2008). Critério de classificação econômica. http://www.abep.org.
Back, D. & Marzolini, C. (2020). The challenge of HIV treatment in an era of polypharmacy. Journal of the International AIDS Society, 23(2), e25449. https://doi.org/10.1002/jia2.25449
Brasil. (2018). Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para o manejo da infecção pelo hiv em adultos. In Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em
Saúde (1st ed., p. 410). Retrieved from http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2013/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-manejo-da-infeccao-pelo-hivem-adultos
Centers for Disease Control and Prevention – CDC. (1992). 1993 revised classification system for HIV infection and expanded surveillance case definition for AIDS among adolescents and adults. MMWR Recomm Rep. 41(RR-17):1-19 https://www.cdc.gov/mmwr/preview/mmwrhtml/00018871.htm
Coelho, L. E., Escada, R. O. S, Barbosa, H. P. D., Santos, V. G. V., & Grinsztejna, B. G. J. (2016). O tratamento da coinfecção HIV-TB. The Brazilian Journal of Infectious Diseases 2(5), 134-148.
Dash S., Balasubramaniam M., Villalta F., Dash C., & Pandhare J. (2015). Impact of cocaine abuse on HIV pathogenesis. Front. Microbiol. 6:1111. https://doi.org/10.3389/fmicb.2015.01111
Diouf, A., Youbong, T. J., Maynart, M., Ndoye, M., Diéye, F. L., Ndiaye, N. A., Koita-Fall M. B., Ndiaye B., & Seydi, M. (2017). Médicaments non antirétroviraux chez les personnes vivant avec le VIH sous traitement antirétroviral au Sénégal : coûts et facteurs associés à la prescription. Revue d’Épidémiologie et de Santé Publique, 65(4), 295–300. doi:10.1016/j.respe.2017.02.001
Gimeno-Garcia, M., Crusells-Canales, M. J., Javier Armesto-Gómez, F., & Rabanaque-Hernández, M. J. (2015). Prevalence of concomitant medications in older HIV+ patients and comparison with general population. HIV clinical trials, 16(3), 117–124. https://doi.org/10.1179/1528433614Z.0000000012
Gimeno-Gracia, M., Crusells-Canales, M. J., Armesto-Gómez, F. J., Compaired-Turlán, V., & Rabanaque-Hernández, M. J. (2016). Polypharmacy in older adults with human immunodeficiency virus infection compared with the general population. Clinical interventions in aging, 11, 1149–1157. https://doi.org/10.2147/CIA.S108072
Hafeez, H., Zeshan, M., Tahir, M. A., Jahan, N., & Naveed, S. (2017). Health Care Disparities Among Lesbian, Gay, Bisexual, and Transgender Youth: A Literature Review. Cureus, 9(4), e1184. https://doi.org/10.7759/cureus.1184
Justice, A. C., Gordon, K. S., Skanderson, M., Edelman, E. J., Akgün, K. M., Gibert, C. L., Lo Re, V., 3rd, Rimland, D., Womack, J. A., Wyatt, C. M., Tate, J. P., & VACS Project Team (2018). Nonantiretroviral polypharmacy and adverse health outcomes among HIV-infected and uninfected individuals. AIDS (London, England), 32(6), 739–749. https://doi.org/10.1097/QAD.0000000000001756
Kara, E., İnkaya, A. Ç., Aydın Haklı, D., Demirkan, K., & Ünal, S. (2019). Polypharmacy and drug-related problems among people living with HIV/AIDS: a single-center experience. Turkish journal of medical sciences, 49(1), 222–229. https://doi.org/10.3906/sag-1807-295
Knauth, D.R., Hentges, B., Macedo, J. L., Pilecco, F. B., Teixeira, L. B., & Leal, A. F. (2020). O diagnóstico do HIV/aids em homens heterossexuais: a surpresa permanece mesmo após mais de 30 anos de epidemia. Cad. Saúde Pública 36 (6). https://doi.org/10.1590/0102-311X00170118
Krentz, H. B., & Gill, M. J. (2016). The Impact of Non-Antiretroviral Polypharmacy on the Continuity of Antiretroviral Therapy (ART) Among HIV Patients. AIDS patient care and STDs, 30(1), 11–17. https://doi.org/10.1089/apc.2015.0199
López-Centeno, B., Badenes-Olmedo, C., Mataix-Sanjuan, Á., McAllister, K., Bellón, J. M., Gibbons, S., Balsalobre, P., Pérez-Latorre, L., Benedí, J., Marzolini, C., Aranguren-Oyarzábal, A., Khoo, S., Calvo-Alcántara, M. J., & Berenguer, J. (2020). Polypharmacy and Drug-Drug Interactions in People Living with Human Immunodeficiency Virus in the Region of Madrid, Spain: A Population-Based Study. Clinical infectious diseases: an official publication of the Infectious Diseases Society of America, 71(2), 353–362. https://doi.org/10.1093/cid/ciz811
Mata-Marín, J. A., Martínez-Osio, M. H., Arroyo-Anduiza, C. I., Berrospe-Silva, M., Chaparro-Sánchez, A., Cruz-Grajales, I., Cruz-Herrera, J. E., Uribe-Noguez, L. A., Gaytán-Martínez, J. E., & Jerónimo-Morales, M. (2019). Comorbidities and polypharmacy among HIV-positive patients aged 50 years and over: a case-control study. BMC research notes, 12(1), 556. https://doi.org/10.1186/s13104-019-4576-6
Navarini, A. A., Stoeckle, M., Navarini, S., Mossdorf, E., Jullu, B. S., Mchomvu, R., Mbata, M., Kibatala, P., Tanner, M., Hatz, C., & Schmid-Grendelmeier, P. (2010). Antihistamines are superior to topical steroids in managing human immunodeficiency virus (HIV)-associated papular pruritic eruption. International journal of dermatology, 49(1), 83–86. https://doi.org/10.1111/j.1365-4632.2009.04279.x
Nascimento, R. C. R. M., Álvares, J., Guerra, A. A., Gomes, I. C., Silveira, M. R., Costa, E. A., Leite, S. N., Costa, K. S., Soeiro, O. M., Guibu. I. A., Karnikowski M. G. O., & Acurcio F. A. (2017). Polifarmácia: uma realidade na atenção primária do Sistema Único de Saúde. Rev. Saúde Pública 51 (suppl 2). https://doi.org/10.11606/S1518-8787.2017051007136
Nickel, K., Halfpenny, N., Snedecor, S. J., & Punekar, Y. S. (2021). Correction to: Comparative efficacy, safety and durability of dolutegravir relative to common core agents in treatment-naïve patients infected with HIV-1: an update on a systematic review and network meta-analysis. BMC infectious diseases, 21(1), 340. https://doi.org/10.1186/s12879-021-06016-8
Oliveira-Filho, A. D., Morisky, D. E., Neves, S. J., Costa, F. A., & de Lyra, D. P., Jr (2014). The 8-item Morisky Medication Adherence Scale: validation of a Brazilian-Portuguese version in hypertensive adults. Research in social & administrative pharmacy: RSAP, 10(3), 554–561. https://doi.org/10.1016/j.sapharm.2013.10.006
Righetto, R. C., Reis, R. K., Reinato, L. A. F., & Gir, E. (2014). Comorbidades e coinfecções em pessoas vivendo com HIV/Aids. Rev Rene. 15(6), 942-948. https://doi.org/10.15253/2175-6783.2014000600006
Siefried, K. J., Mao, L., Cysique, L. A., Rule, J., Giles, M. L., Smith, D. E., McMahon, J., Read, T. R., Ooi, C., Tee, B. K., Bloch, M., de Wit, J., Carr, A., & PAART study investigators (2018). Concomitant medication polypharmacy, interactions and imperfect adherence are common in Australian adults on suppressive antiretroviral therapy. AIDS (London, England), 32(1), 35–48. https://doi.org/10.1097/QAD.0000000000001685
Silva, A. L., Ribeiro A. Q., Klein, C. H., & Acurcio F. A. (2012). Utilização de medicamentos por idosos brasileiros, de acordo com a faixa etária: um inquérito postal. Cad. Saúde Pública 28(6):1033-1045.
World Health Organization – WHO. (2019). Medication safety in polypharmacy. https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/325454/WHO-UHC-SDS-2019.11-eng.pdf
World Health Organization – WHO. (2020). Guidelines for ATC classification and DDD assignment 2020. https://www.whocc.no/atc_ddd_index/.
Yombi J. C. (2018). Dolutegravir Neuropsychiatric Adverse Events: Specific Drug Effect or Class Effect. AIDS reviews, 20(1), 14–26.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Victor César da Silva ; Jullye Campos Mendes; Micheline Rosa Silveira; Thalita Amorim Violante; Thalyta Joana de Oliveira; Maria das Graças Braga
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.