O poder das histórias: a jornada feminina rumo ao crescimento psicológico em um conto popular brasileiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v11i6.29329

Palavras-chave:

Psicanálise; Conto popular; Feminino.

Resumo

A relação entre a literatura e a psicologia, em particular com a psicanálise, é bastante ampla. Contos populares, à semelhança dos contos de fadas, apresentam diversos temas que podem se relacionar ao crescimento e bem-estar psicológico. O objetivo deste artigo é analisar, sob a perspectiva da psicanálise, um conto popular brasileiro de origem europeia, coletado por Silvio Romero e publicado no volume Contos Populares do Brasil (1954), que reúne contos populares brasileiros de origem europeia, indígena e africana. O artigo aborda um texto recolhido no Rio de Janeiro, A mulher e a filha bonita. Nesse contexto, optou-se por utilizar como arcabouço teórico as ideias propostas por Bettelheim (2003), Corso e Corso (2006) e Chevalier e Gueerbrant (2008), no sentido de perceber como imagens e conceitos presentes nesse conto revelam elementos da psique humana. O conto analisado, a saber, A mulher e a filha bonita, a partir da inveja materna, apresenta diversos temas presentes na psique feminina, dentre os quais, destacam-se o desejo de tornar-se companheira e mãe, desejos esses que requerem amadurecimento e mudanças internas importantes, os quais são visualizados nos embates da protagonista ao longo da construção da narrativa. O que fica evidente a partir da análise desenvolvida é uma transformação da menina em mulher, pois a protagonista enfrenta desafios, dilemas e crises que culminam em transformações e no amadurecimento de sua personalidade ao longo de sua jornada.

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Publicado

30/04/2022

Como Citar

ROZA, S. A. O poder das histórias: a jornada feminina rumo ao crescimento psicológico em um conto popular brasileiro. Research, Society and Development, [S. l.], v. 11, n. 6, p. e36011629329, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i6.29329. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/29329. Acesso em: 15 jan. 2025.

Edição

Seção

Ciências Humanas e Sociais