Estudo do processamento de geleia de melancia enriquecida com extratos de jabuticaba e extrato de sementes de chia: características físico-químicas e potencial antioxidante
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v9i5.2934Palavras-chave:
Geleias; Capacidade antioxidante; Calor.Resumo
Objetivou-se com este trabalho, desenvolver geleia de melancia com três extratos de jabuticaba e extrato de sementes de chia (em substituição a uma parte da pectina) com a finalidade de estudar a capacidade antioxidante dos produtos, antes e após o processamento térmico, assim como a determinação das características físico-químicas dos produtos obtidos. Foram feitos planejamentos experimentais para o desenvolvimento dos produtos, utilizando o programa Statsoft Statistica e para expressar os resultados em média ± desvio padrão, o software Sisvar 5.6. Realizou-se a elaboração de quatro geleias: geleia de melancia; geleia enriquecida com extrato de Jabuticaba I - cascas e sementes (Geleia I); extrato de jabuticaba II – polpa sem filtração (Geleia II) e extrato de jabuticaba III - polpa filtrada (Geleia III). As três ultimas com extrato de chia em substituição em parte a pectina. As análises realizadas nestes produtos consistiram em composição proximal, análise de pH, sólidos solúveis, acidez, atividade de água, análise colorimétrica e análise de capacidade antioxidante antes e após processamento (método DPPH, ABTS e FRAP). A legislação vigente não especifica parâmetros para as análises físico-químicas. Foram observadas perdas da sua capacidade antioxidantes nos três métodos, com perda significativa para geleia de melancia com 45 e 40%, respectivamente nos métodos DPPH e ABTS e perda de 23,5 a 40% nas geleias enriquecidas, pelo método DPPH. Não houve diferença significativa para as perdas nos ensaios ABTS e FRAP, que não ultrapassaram 10,5% para as geleias enriquecidas. Conclui-se que as geleias enriquecidas perderam quantidades não relevantes de compostos antioxidantes, evidenciando o efeito positivo da inserção dos extratos. Além disso o extrato de chia contribuiu de maneira positiva para a formação do gel e o extrato 1 (cascas e sementes) contribui notadamente no enriquecimento da geleia I, cerca de 309 vezes mais que na geleia de melancia, confirmando a hipótese planteada em nossos objetivos. Sugere-se mais pesquisas acerca da influência de parâmetros como tempo e temperatura e dos métodos in vitro, nos compostos bioativos com capacidade antioxidante.
Referências
Anacleto, S; Ruiz, G; Rana, J; Gordillo, G; WEst, H; Sharma, M; & Liu, X. (2016). Chia Crop (Salvia hispanica L.): its History and Importance as a Source of Polyunsatu-rated Fatty Acids Omega-3 Around the World: a Review. Journal of Crop Research and Fertilizers, 1, 1-9.
AOAC (2010). Association Of Official AnalyticaL Chemists (2010). Official methods of analysis. Ed. Washington: AOAC.
ANVISA (2020). Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2010). Acessado em: 21 jan 2020. http: http://portal.anvisa.gov.br/anvisaesclarece?p_p_id=baseconhecimentoportlet_WAR_baseconhecimentoportlet&p_p_lifecycle=0&p_p_state=normal&p_p_mode=view&p_p_col_id=column2&p_p_col_pos=1&p_p_col_count=2&_baseconhecimentoportlet_WAR_baseconhecimentoportlet_assuntoId=12&_baseconhecimentoportlet_WAR_baseconhecimentoportlet_conteudoId=2713&_baseconhecimentoportlet_WAR_baseconhecimentoportlet_view=detalhamentos.
BRASIL. (2020) Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilânica Sanitária. Resolução RDC ANVISA/MS n° 12, Brasília, DF, 02 de janeiro de 2005. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br. Acesso em: 10 fev. 2020.
Basu, S; Shivhare, U.S. & Singh, TV. (2013). Effect of substitution of stevioside and sucralose on rheological, spectral, color and microstructural characteristics of mango jam. Journal of Food Engineering, 114 (4), 465-476.
Bligh, E.G. & Dyer, W.J. (1959). A rapid method of total lipid extraction and purification. Canadian Journal of Biochemistry and Physiology, 37 (7), 911-917.
Carvalho, V.S.; Damiani, C; Asquieri, E.R.; Orsi, D.C. & Nishi, A.C.F. (2012). Desenvolvimento e capacidade antioxidante de geleia da polpa de sapota (Quararibea cordata Vischer). Ciência e Agrotecnologia, 36 (3), 341-347.
Coelho, M.S. & Salas-Mellado, M. (2014). Revisão: Composição química, propriedades funcionais e aplicações tecnológicas da semente de chia (Salvia hispanica L) em alimentos/Review: Chemical composition, functional properties and technological applications of chia (Salvia hispanica L) seeds in foods. Brazilian Journal of Food Technology, 17 (4), 259.
Damiani, C. et al. (2008). Análise física, sensorial e microbiológica de geléias de manga formuladas com diferentes níveis de cascas em substituição à polpa. Ciência Rural, 38 (5), 1418-1423.
De Lima, A.A.; Sussuchi, E.M. & De Giovani, W.F. (2007). Electrochemical and antioxidant properties of anthocyanins and anthocyanidins. Croatica chemica acta, 80 (1) 29-34.
Donado-Pestana, C.M.; Moura, M.H.C.; De Araujo, R.L.; De Lima S; De Moraes B.H.R.; & Genovese, MI. (2018). Polyphenols from Brazilian native Myrtaceae fruits and their potential health benefits against obesity and its associated complications. Current opinion in food science, 19, 42-49.
Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Acessado em: 02. fev. 2020. .http://www.cpatsa.embrapa.br:8080/sistema_producao/spmelancia/quimica.htm
Fellows, P. J. (2006). Tecnologia do Processamento de Alimentos. Princípios e Prática. 2°Edição, Porto Alegre: Ed. Artmed.
Galvano, F.; La Fauci, L.; Lazzarino, G.; Fogliano, V.; Ritieni, A.; Ciappellano, S.; Battistini, N.C.; TavazzI, B. & Galvano, G. (2004). Cyanidins: metabolism and biological properties. The Journal of Nutritional Biochemistry v. 15 (1), p. 2–11.
Guido L.F., & Moreira M.M (2017). Techiniques for extration of brewer’s spent grain polyphenols: a rewiew. Food Bioprocess Tech 10: 1192-1209.
Huang, D. (2005). The chemistry behind antioxidant capacity assays: reviews. Journal of Agricultural and Food Chemistry, Washington, v. 53, n. 6, p.1841- 1856.
Jackix, M.H. (1988). Doces, geleias e frutas em calda. Campinas: Ed. UNICAMP, 1988. 171 p.
Kirca, A; Özkan, M; & Cemeroğlu, B. (2007). Effects of temperature, solid content and pH on the stability of black carrot anthocyanins. Food Chemistry, 212-218.
Konica Minolta. (1998). Comunicação precisa da cor: controle de qualidade da percepção à instrumentação. Seoul: Konica Minolta, 53p. Disponível em: . Acesso em: 15 jan. de 2020.
Lazaro, H.; Puente, L; Zúñiga, M.C.; & Muñoz, LA. (2018). Assessment of rheological and microstructural changes of soluble fiber from chia seeds during an in vitro micro-digestion. LWT - Food Science and Technology, 95, 58-64.
Lee, E.H; Yeom, H-J; H.A, M.S;& Bae, D.H. (2010). Development of banana peel jelly and its antioxidant and textural properties. Food Science Biotechnology, 19 (2), 449455.
Leite, A.V.; Malta, L.G.; Riccio, M.F.; Eberlin, M.N.; Pastore, G.M.; & Marostatica Junior, M.R. (2011). Antioxidant potential of rat plasma by administration of freeze-dried jaboticaba peel (Myrciaria jaboticaba Vell Berg). Journal of Agricultural and Food Chemistry, 59.
Leja, M; Mareczek, A; Wyzgolik, G; Klepacz-Baniak, J; & Czekonska, K. (2007). Antioxidative properties of bee pollen in selected plant species. Food Chemistry, 100 (1), 237-240.
Lim, J.Y; & Wang, X.D. (2020). Mechanistic understanding of β-cryptoxanthin and lycopene in cancer prevention in animal models. Biochimica et Biophysica Acta (BBA)-Molecular and Cell Biology of Lipids, 158652.
Lopes, T.J; Quadri, MB; & Quadri, M.G.N. (2006). Estudo experimental da Adsorção de Antocianinas comercial de Repolho-roxo em argilas no processo de batelada. Brazilian Journal of Food Techonology, 9, 49-56.
Lopes, T. J. (2002) Adsorção de antocianinas de repolho-roxo em argila. Tese de Mestrado. Florianópolis, Universidade Federal de Santa Catarina. P. 140.
Malacrida, C.R.; & Motta, S. (2006). Antocianinas em suco de uva: composição e estabilidade. B. CEPPA, 24 (1), 59-82.
Merril, AL; Watt, BK (1973). Valor energético dos alimentos: base e derivação. Washington: Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, 105p.
Miguel, A.C.A; Albertini, S; Spoto, M.H.F. (2008). Cinética da degradação de geleiada de morango. Ciência e Tecnologia de Alimentos, 29 (1), 142-147.
Morales, P; Barros, L; Dias, M.I.; Santos-Buelga, C; Ferreira, I.C; Asquieri, E.R; Berrios, J.D.J. (2016). Non-fermented and fermented jabuticaba (Myrciaria cauliflora Mart.) pomaces as valuable sources of functional ingredients. Food chemistry, 208, 220-227.
Moro, G.M.B. et al. (2013). Avaliação da rotulagem e qualidade físico-química de geleias de uva comercializadas na cidade do Rio Grande - RS. Revista Brasileira de Tecnologia Agroindustrial, 7 (1), 897–910.
Multari, S; Neacsu, M; Scobbie, L; Cantlay, L; Duncan, G; Vaughan, N; Stewart, D; Russell, WR. (2018). Identification and quantification of avenanthramites and free and bound phenolic acids. Journal of Agricultural and Food Chemistry, 66, 2900-2908.
Muñoz, L.A; Cobos, A; Diaz, O; Aguillera, J.M. (2013). Chia seed (Salvia hispanica): an ancient grain and a new functional food. Food reviews international, 29 (4) 394-408.
Muñoz, L. A.; COBOS, A.; DIAZ, O.; AGUILERA, J. M. (2012). Chia seeds: Microstructure, mucilage extraction and hydration. Journal of food Engineering, v. 108, n. 1, p. 216-224.
Neri-Numa, I.A; Sancho, R.A.S; Pereira, A.P.A; Pastore, G.M. (2018). Small Brazilian wild fruits: Nutrients, bioactive compounds, health-promotion properties and commercial interest. Food Research International, 103, 345-360.
Ordóñez, J.A. (2005). Carboidratos. In: ____. Tecnologia de alimentos: componentes dos alimentos e processos. Porto Alegre: Artmed, 1 (5), 63-80.
Paludo, M.C. Extração e determinação da capacidade antioxidante (in vitro) das antocianinas e compostos fenólicos totais da jabuticaba Sabará Myrciaria jabuticaba (Vell.) Berg e sua geleia. Dissertação de mestrado. Campinas, Universidade Estadual de Campinas. 123 p, 2013.
Pathare, P.B.; Opara, U.L.; Al-Said, F.A. (2013). Colour Measurement and Analysis in Fresh and Processed Foods: A Review. Food Bioprocess Technol., 6, 36–60.
Poiana, M. A.; Alexa, E.; Mateescu, C. (2013) Tracking antioxidant properties and color changes in low-sugar bilberry jam as effect of processing, storage and pectin concentration. Chemistry Central Journal, 6(1):4.
Prior, R.L.; Wu, X.L.; Schaich, K. (2005). Standardized methods for the determination of antioxidant capacity and phenolics in foods and dietary supplements. Journal of Agricultural and Food Chemistry, 53 (10), 4290–4302.
Rababah, T.M.; Al-Mahasneh, M.A; Kilani, I; Yang, W.; Alhamad, M.N; Ereifej, K. (2011). Effect of jam processing and storage on total phenolics, antioxidant activity, and anthocyanins of different fruits. Journal of the Science of Food and Agriculture, 91, 1096–1102.
Renna, M.; Pace, B.; Cefola, M.; Santamaria, P.; Serio, F; Gonnella, M. (2013). Comparison of two jam making methods to preserve the quality of coloured carrots. LWT- Food Science and Technology, 53, 547–554.
Roesler, R; Malta, LG; Carrasco, LC; Holanda, RB; Souza, CAS; Pastore, GM. (2007). Atividade antioxidante de frutas do cerrado. Ciência Tecnologia de Alimentos, 27, 53-60.
Santos, P.R.G.; Cardoso, L.D.M.; Bedetti, S.D.F.; Hamacek, F.R.; Moreira, A.V.B.; Martino, H.S.D.; Pinheiro-Sant'ana,.H.M. Geleia de cagaita (Eugenia dysenterica DC.): desenvolvimento, caracterização microbiológica, sensorial, química e estudo da estabilidade. Revista do Instituto Adolfo Lutz (Impresso), 71(2), 281-290, 2012.
Santos, D. T.; Meireles, M. A. A. Jabuticaba as a source of functional pigments. Pharmacognosy Reviews v. 3 (5), p. 127–132, 2009.
Shinwari, K.J.; Rao, P.S. (2018). Stability of bioactive compounds in fruit jam and jelly during processing and storage: A review. Trends in Food Science & Technology, 75, 181-193.
Silva, M.J.D.; Endo, L.H.; Dias, A.L.T.; Silva, G.A.; Santos M.H.; Silva, M.A. (2012). Avaliação da atividade antioxidante e antimicrobiana dos extratos e frações orgânicas de Mimosa caesalpiniifolia Benth. (Mimosaceae). Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, v.33, p.267-274.
Szydłowska-Czerniak, A; Dianoczki, C; Recseg, K; Karlovits, G; Szłyk E. (2008). Determination of antioxidant capacities of vegetable oils by ferric-ion spectrophotometric methods. Talanta, 76 (4), 899-905.
Tan, B.L.; Norhaizan, ME; Liew, WPP; Sulaiman, R. (2018). Antioxidant and oxidative stress: A mutual interplay in age-related diseases. Frontiers in pharmacology, 9, 1162.
Ullah, R; Nadeem, M; Khalique, A; Imran, M; Mehmood, S; Javid, A; Hussain, J. (2016). Nutritional and therapeutic perspectives of Chia (Salvia hispanica L.): a review. Journal of food science and technology, 53 (4), 1750-1758.
Wu, C.C.; Hung, C.N.; Shin, Y.C; Wang, C.J; Huang, H.P. (2016). Myrciaria cauliflora extracts attenuate diabetic nephropathy involving the Ras signaling pathway in streptozotocin/nicotinamide mice on a high fat diet. Journal of food and drug analysis, 24 (1), 136-146.
Yuyama, L.K. et al. (2008). Desenvolvimento e aceitabilidade de geleia de cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal). Ciência e Tecnologia de Alimentos, 28 (4), 929-934.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.