Importância dos eixos centrais da Reforma Sanitária Brasileira para os princípios do Sistema Único de Saúde: reflexões para a resistência ao avanço neoliberal
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i6.29412Palavras-chave:
Sistema único de saúde; Determinação social da saúde; Reforma dos serviços de saúde.Resumo
Objetivo deste estudo é analisar a importância da construção dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) a partir das categoriais “Modelo de Determinação Social” e “processo de Trabalho em Saúde”, eixos centrais da Reforma Sanitária Brasileira (RSB). Trata-se de uma análise reflexiva a partir de uma revisão de literatura não sistematizada. Foram estabelecidos os marcos teóricos e conceituais sob a luz do campo da saúde coletiva. A análise foi conduzida em proximidade ao materialismo histórico dialético, atendendo aos pressupostos de dinamicidade e historicidade. O desenvolvimento do estudo está organizado em: análise socio histórica das políticas de saúde no Brasil até meados da década de 1980; contextualização e conceituação do Movimento da RSB; e a análise do Modelo de Determinação Social e do Processo de Trabalho em Saúde enquanto categorias centrais para a construção dos princípios do SUS. Apesar de breve, este estudo promoveu reflexão quanto a importância da construção dos princípios do SUS a partir dos eixos centrais da RSB e da Saúde Coletiva. Foi possível resgate histórico dos caminhos percorridos para se chegar às bases filosóficas, epistemológicas e ideológicas do SUS, imprescindíveis para a construção de um sistema baseado nas necessidades da população e na não-alienação frente às regras do mercado. Assim, torna-se potente instrumento de discussão no campo interdisciplinar da saúde e resistência ao avanço neoliberal, vislumbrando o alcance da efetivação do SUS.
Referências
Almeida-Filho, N. (2010). A problemática teórica da determinação social da saúde. In: Nogueira, R. P. Determinação Social da Saúde e Reforma Sanitária. Rio de Janeiro: Cebes. Cap. 1. p. 13-36.
Bertolozzi, M. R., & Greco, R. M. (1996). As políticas de saúde no Brasil: reconstrução histórica e perspectiva s atuais. Rev. Esc. Enf. USP., 30(3), 380-398. https://doi.org/10.1590/S0080-62341996000300004
Borghi, C. M. S. O., Oliveira, R. M., & Sevalho, G. (2018). Determinação ou determinantes sociais da saúde: texto e contexto na América Latina. Trab. Educ. Saúde, 16(3), 869-897. https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00142
Brasil. (1988). Constituição, 1988. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal.
Brasil. (1990a). Lei nº. 8080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União.
Brasil. (1990b). Lei nº. 8142, de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. Diário Oficial da União. 1990.
Bravo, M. I. S. (2006). Política de Saúde no Brasil. In: Mota, A. E., Bravo, M. I. S., Uhcôa, R., Nogueira, V., Marsiglia, R., & Gomes, L. Serviço social e saúde: formação e trabalho profissional. São Paulo, SP: Cortez Editora; 2006.
Campos, G. W. S. (1997). Análise Crítica das Contribuições da Saúde Coletiva à Organização das Práticas de Saúde no SUS. In: Fleury, S. Saúde e democracia: a luta do CEBES. São Paulo: Lemos Editorial. p. 113-111.
Cohn, A., & Gleriano, J. S. (2021). A urgência da reinvenção da Reforma Sanitária Brasileira em defesa do Sistema Único de Saúde. Rev. direito sanit., 21, e0012. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9044.rdisan.2021.159190
Egry, E. Y. (1996). Saúde coletiva: construindo um novo método em enfermagem. São Paulo: Ícone.
Egry, E. Y., Fonseca, R. M. G. S., & Bertozzi, M. R. (1994). Assistência de enfermagem em saúde coletiva: entendendo o processo para a aplicação de um instrumento transformador da prática e da teoria. R. Bras. Enferm., 47(3), 287-294. https://doi.org/10.1590/S0034-71671994000300010
Fleury-Teixeira, P., & Bronzo, C. (2010). Determinação social da saúde e política. In: Nogueira, R. P. Determinação Social da Saúde e Reforma Sanitária. Rio de Janeiro: Cebes. Cap. 2. p. 37-59.
Franco, T.B., & Merhy, E. E. (2012). Cartografias do Trabalho e Cuidado em Saúde. Tempus (Brasília), 6(2), 151163. https://doi.org/10.18569/tempus.v6i2.1120
Garbois, J. A., Sodré, F., & Dalbello-Araujo, M. (2017). Da noção de determinação social à de determinantes sociais da saúde. Saúde debate, 41(112), 63-76. https://doi.org/10.1590/0103-1104201711206
Jesus, W. L. A. (2011). Princípios e Diretrizes do SUS: expressões de uma luta histórica do povo brasileiro. In: Jesus, W. L. A., & Assis, M. M. A. Desafios do planejamento na construção do SUS. Salvador: EDUFBA. p. 155-164.
Machado, C. V., Lima, L. D., & Baptista, T. W. F. (2017). Políticas de saúde no Brasil em tempos contraditórios: caminhos e tropeços na construção de um sistema universal. Cad. Saúde Pública, 33(Sup2), e00129616. https://doi.org/10.1590/0102-311X00129616
Malta, D.C., & Merhy, E.E. (2003). A micropolítica do processo de trabalho em saúde - revendo alguns conceitos. Rev. Min. Enf., 7(1), 61-66. https://cdn.publisher.gn1.link/reme.org.br/pdf/v7n1a12.pdf
Merhy, E. E. (1997). O SUS e um dos seus Dilemas: Mudar a Gestão e a Lógica do Processo de Trabalho em Saúde Lógica do Processo de Trabalho em Saúde (um Ensaio sobre a Micropolítica do Trabalho Vivo) Ensaio sobre a Micropolítica do Trabalho Vivo). In: Fleury, S. Saúde e democracia: a luta do CEBES. São Paulo: Lemos Editorial. p. 113-111.
Mészáros, I. (2012). A obra de Sartre: busca da liberdade e desafio da história. São Paulo: Boitempo.
Paim, J. S. (2008). Reforma Sanitária Brasileira: contribuição para a compreensão e crítica. Salvador: EDUFBA; Rio de Janeiro: FIOCRUZ. 356p.
Paim, J. S. (2012). A Reforma Sanitária e o CEBES. Rio de Janeiro: CEBES.
Paim, J. S. (2018). Sistema Único de Saúde (SUS) aos 30 anos. Ciênc. Saúde Colet., 23(6), 1723-1728. https://doi.org/10.1590/1413-81232018236.09172018
Paim, J. P., Travassos, C., Almeida, C., Bahia, L., & Macinko, J. (2011). The Brazilian health system: history, advances, and challenges. The Lancet, 377(9779), 1778-1797. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(11)60054-8
Pereira, A. M. M., Ruela, H. C. G., & Carneiro, C. C. G. (2020). Políticas, sistemas e processo de trabalho em saúde: contribuições teóricas e estratégias pedagógicas de uma experiência de formação docente em saúde. In: Leher, E. M. T., & Ruela, H. C. F. Formação crítica de professores da área da saúde: uma experiência de cooperação entre Brasil e Uruguai. Rio de Janeiro: EPSJV. p. 63-98.
Soares, R. C. (2018). Governo Temer e contrarreforma na política de saúde: a inviabilização do SUS. Argum., 10(1), 24-32. https://doi.org/10.18315/argumentum.v10i1.19496
Sousa, J. R., & Santos, S. C. M. (2020). Análise de conteúdo em pesquisa qualitativa: modo de pensar e de fazer. Pesquisa e Debate em Educação, 10(2), 1396-1416. https://doi.org/10.34019/2237-9444.2020.v10.31559
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Cosme Rezende Laurindo
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.