Análise não linear da variabilidade da frequência cardíaca em infecções por HIV/AIDS
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i7.29636Palavras-chave:
Sistema nervoso autônomo; Frequência cardíaca; Imunodeficiência; Doenças infecciosas.Resumo
A disponibilidade da Terapia Antirretroviral (TARV) resultou em uma redução drástica da morbimortalidade associada ao vírus da imunodeficiência humana (HIV). No entanto, a terapia tem uma série de efeitos adversos, incluindo disfunção autonômica. A análise da VFC permite avaliar o envolvimento simpático e parassimpático na neuromodulação cardíaca. Diante do exposto, os objetivos foram: verificar se as infecções pelo HIV produzem alterações na modulação autonômica cardíaca; identificar se a modulação autonômica cardíaca da população infectada pelo HIV é sensível à arritmia sinusal respiratória (ASR); e investigar se o tempo de diagnóstico da infecção pelo HIV influencia a VFC. Foram avaliados 49 indivíduos com HIV/AIDS e 21 indivíduos saudáveis. As medidas da VFC foram realizadas por 20 minutos em decúbito dorsal, utilizando o monitor de frequência cardíaca Polar RS810CX, seguida da manobra RSA. Em ambas as condições, os intervalos RR, típicos da VFC, foram analisados por índices lineares e não lineares. Apenas dois índices não lineares, ou seja, %REC e Shannon Entropy, apresentaram diferença estatisticamente significativa (p=0,004), quando comparados os grupos HIV/AIDS e controle, indicando redução da VFC no grupo HIV/AIDS. Sugere-se que a manobra RSA, por sua vez, melhorou a modulação autonômica, pois a redução do %REC após a manobra indica aumento da modulação parassimpática. Desta forma, conclui-se que o grupo HIV/AIDS apresentou VFC diminuída na análise não linear; e aumento da modulação vagal foi observado durante a manobra de ART. O tempo até o diagnóstico mostrou não ter influência na VFC.
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