Sintomas de intoxicação e condições de saúde de agricultores familiares associadas ao uso de agrotóxicos: um estudo realizado na Zona da Mata Mineira, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i8.30923Palavras-chave:
Agroquímicos; Produção de alimentos; Saúde ocupacional; Contaminação humana; Colinesterase.Resumo
Este estudo teve como objetivo avaliar a associação entre uso de agrotóxicos, sintomas de intoxicação e condições de saúde de agricultores familiares da Mata Mineira, Brasil. Trata-se de um estudo transversal com 48 agricultores familiares de um município da Zona da Mata mineira. Foi aplicado um questionário semiestruturado para obtenção de informações demográficas, socioeconômicas e caracterização do uso de agrotóxicos. Amostras de sangue foram coletadas dos agricultores para exames bioquímicos e avaliação de marcadores de exposição a agrotóxicos. Constatou-se que 75% dos agricultores utilizavam agrotóxicos na produção de alimentos, sendo a maioria desses produtos extremamente tóxicos. Esses agricultores apresentaram alterações na colinesterase plasmática, colinesterase eritrocitária e butirilcolinesterase, marcadores de exposição a agrotóxicos. Houve associação entre pulverização por mais de 4 horas/dia e relato de sintomas agudos de intoxicação, bem como entre uso de agrotóxicos e presença de doenças crônicas não transmissíveis. A análise multivariada indicou que o não cumprimento do período de reingresso nas lavouras após o uso de agrotóxicos permaneceu como variável explicativa para doença pulmonar. Inferimos que sintomas agudos, assim como doenças crônicas não transmissíveis relatadas por agricultores familiares, podem estar associados ao uso de agrotóxicos.
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