O primeiro ano do resto das nossas vidas: Saúde mental de alunos de medicina
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i9.31651Palavras-chave:
Estudantes de Medicina; Ansiedade; Depressão; Saúde mental.Resumo
Estudantes de medicina experimentam desde o início da formação, altos níveis de ansiedade e outros transtornos mentais associados ao excesso de atividades acadêmicas, privação de sono, pressão dos colegas e outros aspectos da educação médica. O estudo teve como objetivo analisar a prevalência de transtornos de saúde mental (ansiedade, depressão e estresse) entre alunos ingressantes. Os alunos foram avaliados no início e no final do primeiro ano do curso de Medicina. Trata-se de um estudo transversal, realizado durante o primeiro ano do curso de Medicina da Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná. Informações clínicas e sociodemográficas foram coletadas. Todos os alunos passaram por avaliação psicológica por meio de escalas e dosagem de cortisol para avaliação de estresse no início e final do primeiro ano do curso médico. Foram utilizados os instrumentos BDI II - Inventário de Depressão de Beck, EPD - Escala de Pensamentos Depressivos, Questionário de Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) e Questionários de Preocupação da Penn State University. Os alunos ingressaram na universidade apresentando ansiedade severa, depressão leve, baixa autoestima e déficit na funcionalidade dos relacionamentos, que piorou durante o primeiro ano do curso. Os dados evidenciaram altos níveis de distúrbios emocionais, como ansiedade, preocupação e depressão desde o primeiro ano do curso de medicina, com piora desses ao longo do ano acadêmico. Isso demonstra a necessidade de adaptação das escolas médicas para receber os ingressantes e da importância do suporte psicoemocional desde o início do curso de medicina.
Referências
Agolla, J. E., & Ongori, H. (2009). An Assessment of Academic Stress among Undergraduate Students: The Case of University of Botswana. Educational Research and Reviews, 4(2), 63-70. Disponível em: http://168.167.8.130/handle/10311/837.
Azim, S. R., & Baig, M. (2019). Frequency and perceived causes of depression, anxiety and stress among medical students of a private medical institute in Karachi: a mixed method study. J Pak Med Assoc, 69(6), 840-845. DOI: https://dx.doi.org/10.4135/9781529734348.
Baldassin, S., Martins, L. C., & de Andrade, A. G. (2006). Traços de ansiedade entre estudantes de medicina. Arquivos médicos do ABC, 31(1), 27 - 31. Disponível em: https://nepas.emnuvens.com.br/amabc/article/view/232
Beck A. T., Steer R. A., & Brown G. K. (2006). BDI-II: Inventario de Depressión de Beck: manual. São Paulo: Paidós.
Bergmann, C., Muth, T., & Loerbroks, A. (2019). Medical students’ perceptions of stress due to academic studies and its interrelationships with other domains of life: a qualitative study. Medical education online, 24(1), 1603526. DOI: https://doi.org/10.1080/10872981.2019.1603526.
Bonifácio, S. D. P., Silva, R. C. B. D., Montesano, F. T., & Padovani, R. D. C. (2011). Investigação e manejo de eventos estressores entre estudantes de Psicologia. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, 7(1), 15-20. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872011000100004.
Carneiro, A. M., & Baptista, M. N. (2012). Desenvolvimento e propriedades psicométricas da Escala de Pensamentos Depressivos-EPD. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, 8(2), 74-84. DOI: 10.5935/1808-5687.20120012.
Chojnowska, S., Ptaszyńska-Sarosiek, I., Kępka, A., Knaś, M., & Waszkiewicz, N. (2021). Salivary biomarkers of stress, anxiety and depression. Journal of clinical medicine, 10(3), 517. DOI: https://doi.org/10.3390/jcm10030517.
Coskun, O., Ocalan, A. O., Ocbe, C. B., Semiz, H. O., & Budakoglu, I. (2019). Depression and hopelessness in pre‐clinical medical students. The Clinical Teacher, 16(4), 345-351. DOI: https://doi.org/10.1111/tct.13073.
Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP). (2009). Levantamento mostra predomínio crescente de mulheres médicas [Web Page].; Disponível em: <http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Jornal&id=1251>.
Dockray, S., & Steptoe, A. (2011). Chronotype and diurnal cortisol profile in working women: differences between work and leisure days. Psychoneuroendocrinology, 36(5), 649-655. DOI: https://doi.org/10.1016/j.psyneuen.2010.09.008.
Dyrbye, L. N., West, C. P., Satele, D., Boone, S., Tan, L., Sloan, J., & Shanafelt, T. D. (2014). Burnout among US medical students, residents, and early career physicians relative to the general US population. Academic medicine, 89(3), 443-451. DOI: 10.1097/ACM.0000000000000134.
Edwards, C. (2012). Sixty years after Hench—Corticosteroids and chronic inflammatory disease. The Journal of Clinical Endocrinology, 97(5), 1443-1451. DOI: https://doi.org/10.1210/jc.2011-2879.
Figueiredo, A. M. D., Ribeiro, G. M., Reggiani, A. L. M., Pinheiro, B. D. A., Leopoldo, G. O., Duarte, J. A. H., ... & Avelar, L. M. (2014). Percepções dos estudantes de medicina da UFOP sobre sua qualidade de vida. Revista Brasileira de Educação Médica, 38(4), 435-443. DOI: https://doi.org/10.1590/S0100-55022014000400004.
Gonçalves, F. P., Alves, G., Oliveira, F., Antunes, L. A. A., Soares, J. R. A., Perazzo, M. F., ... & Scelza, M. F. Z. (2020). Impact of oral rehabilitation on the quality of life and cortisol levels of geriatric patients. Research, Society and Development, 9(11), e2639119911-e2639119911. DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i11.9911.
Harrison, R. F., Debono, M., Whitaker, M. J., Keevil, B. G., Newell-Price, J., & Ross, R. J. (2019). Salivary cortisone to estimate cortisol exposure and sampling frequency required based on serum cortisol measurements. The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, 104(3), 765-772. DOI: https://doi.org/10.1210/jc.2018-01172.
Hellhammer, D. H., Wüst, S., & Kudielka, B. M. (2009). Salivary cortisol as a biomarker in stress research. Psychoneuroendocrinology, 34(2), 163-171. DOI: https://doi.org/10.1016/j.psyneuen.2008.10.026.
Huang, L., Thai, J., Zhong, Y., Peng, H., Koran, J., & Zhao, X. D. (2019). The positive association between empathy and self-esteem in Chinese medical students: a multi-institutional study. Frontiers in psychology, Front. Psychol. 10:1921. DOI: 10.3389/fpsyg.2019.01921.
IBM SPSS Statistics. Versão 25. [Software]. 2020. Disponível em: <https://www.ibm.com/support/pages/downloading-ibm- spss-statistics-25>.
Jacobi, F., Höfler, M., Strehle, J., Mack, S., Gerschler, A., Scholl, L., ... & Wittchen, H. U. (2014). Mental disorders in the general population: Study on the health of adults in Germany and the additional module mental health (DEGS1-MH). Der Nervenarzt, 85(1), 77-87. DOI: 10.1007/s00115-013-3961-y.
Jiménez-Ros, A., Carmona-Márquez, J., & Pascual, L. (2019). Pathological Worry in Portugal: The Portuguese Version of the Penn State Worry Questionnaire (PSWQ). The Spanish Journal of Psychology, 22, E63. DOI:10.1017/sjp.2019.61
Junior, D. R., & Vasconcelos, E. (1997). Ansiedade-traço competitiva e atletismo: um estudo com atletas infanto-juvenis. Rev. paul. educ. fís, 6, 148-154. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rpef/article/download/138565/133971/0.
Kessler, R. C., Berglund, P., Demler, O., Jin, R., Merikangas, K. R., & Walters, E. E. (2005). Lifetime prevalence and age-of-onset distributions of DSM-IV disorders in the National Comorbidity Survey Replication. Archives of general psychiatry, 62(6), 593-602. DOI:10.1001/archpsyc.62.6.593
Kjeldstadli, K., Tyssen, R., Finset, A., Hem, E., Gude, T., Gronvold, N. T., ... & Vaglum, P. (2006). Life satisfaction and resilience in medical school–a six-year longitudinal, nationwide and comparative study. BMC medical education, 6(1), 1-8. DOI: https://doi.org/10.1186/1472-6920-6-48.
Kinrys, G., & Wygant, L. E. (2005). Anxiety disorders in women: does gender matter to treatment?. Brazilian Journal of Psychiatry, 27, s43-s50. DOI: https://doi.org/10.1590/S1516-44462005000600003.
La Rosa, J. (1998). Ansiedade, sexo, nível sócio-econômico e ordem de nascimento. Psicologia: Reflexão e Crítica, 11, 59-70. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-79721998000100004.
Leahy R. L. (2012). Livre de ansiedade. São Paulo: Artmed Editora.
Lins, L., Carvalho, F. M., Menezes, M. S., Porto-Silva, L., & Damasceno, H. (2015). Health-related quality of life of students from a private medical school in Brazil. International Journal of Medical Education, 6, 149. DOI: 10.5116/ijme.563a.5dec.
Lyra, C. S. D., Nakai, L. S., & Marques, A. P. (2010). Eficácia da aromaterapia na redução de níveis de estresse e ansiedade em alunos de graduação da área da saúde: estudo preliminar. Fisioterapia e Pesquisa, 17, 13-17. DOI: https://doi.org/10.1590/S1809-29502010000100003.
Moreira, D. P., & Furegato, A. R. F. (2013). Estresse e depressão entre alunos do último período de dois cursos de enfermagem. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 21, 155-162. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-11692013000700020.
Martins, A. D. F., & Bellodi, P. L. (2016). Tutoría/mentoring: una vivencia de humanización y desarrollo en el curso de medicina. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, 20(58), 715-726. DOI: https://doi.org/10.1590/1807-57622015.0432.
Miles, S. H. (2005). The Hippocratic Oath and the ethics of medicine. Oxford University Press.
Organização Mundial de Saúde - OMS. (1998). Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a WHO consultation, Geneva, 3-5 Jun 1997. Geneva: World Health Organization. Disponível em: https://apps.who.int/iris/handle/10665/63854.
Osse, C. M. C., & Costa, I. I. D. (2011). Saúde mental e qualidade de vida na moradia estudantil da Universidade de Brasília. Estudos de Psicologia (Campinas), 28(1), 115-122. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-166X2011000100012.
Pagnin, D., & De Queiroz, V. (2015). Comparison of quality of life between medical students and young general populations. Education for Health, 28(3), 209. DOI: 10.4103/1357-6283.178599.
Pereira, M. A. D., & Barbosa, M. A. (2013). Teaching strategies for coping with stress–the perceptions of medical students. BMC medical education, 13(1), 1-7. DOI: https://doi.org/10.1186/1472-6920-13-50.
Pereira, S. de S., do Nascimento, M. M., Antonio-Viegas, M. C. R., Morero, J. A. P., Esteves, R. B., Preto, V. A., & Cardoso, L. (2020). Exaustão emocional em profissionais da saúde e sua associação com variáveis interventoras. Research, Society and Development, 9(7), e877974484-e877974484. DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i7.4484.
Preto, V. A., Fernandes, J. M., Silva, L. P. da, Reis, J. O. L. dos, Sousa, B. de O. P., Pereira, S. de S., Sailer, G. C., & Cardoso, L. (2020). Common Mental Disorders, Stress and Self esteem in university students in the health field in the last year. Research, Society and Development, 9(8), e844986362. https://doi.org/10.33448/rsd-v9i8.6362
Santos, M. M. S., Sampaio, J. M. F., Júnior, F. E. B., de Lima Júnior, J. C. C., Santos, S. M. S., da Silva, S. M., ... & Pereira, D. F. (2020). Avaliação do nível de estresse e perfil social de estudantes de pós-graduação da área da saúde. Research, Society and Development, 9(8), e276985776-e276985776. DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i8.5776.
Silva, M. L., Silva, M. L., Silva, A. C. S. P. da, Freitas, Y. J. F. de, Borges, N. M. P., Cruz, M. C. A., Mori, A. S., Macedo, R. M., Garcia, T. R., & Arruda, J. T. (2020). Conditions that interfere with the Medicine students quality of life . Research, Society and Development, 9(11), e2469119640. https://doi.org/10.33448/rsd-v9i11.9640
Souza, P. A. de, Caligari, M. A. de L. M., Pereira, C. M., Souza, H. C. de, Matos, L. L. P., Sá, F. L. de, Barp, L. W., & Vieira, V. Z. (2020). The Prevalence of Depressive Disorder in Medical students at a University in Santa Catarina. Research, Society and Development, 9(8), e866986283. https://doi.org/10.33448/rsd-v9i8.6283.
Rotenstein, L. S., Ramos, M. A., Torre, M., Segal, J. B., Peluso, M. J., Guille, C., ... & Mata, D. A. (2016). Prevalence of depression, depressive symptoms, and suicidal ideation among medical students: a systematic review and meta-analysis. Jama, 316(21), 2214-2236. DOI: 10.1001/jama.2016.17324.
Tempski, P., Bellodi, P. L., Paro, H. B., Enns, S. C., Martins, M. A., & Schraiber, L. B. (2012). What do medical students think about their quality of life? A qualitative study. BMC medical education, 12(1), 1-8. DOI: https://doi.org/10.1186/1472-6920-12-106.
Tian-Ci Quek, T., Tam, W. S., X Tran, B., Zhang, M., Zhang, Z., Su-Hui Ho, C., & Chun-Man Ho, R. (2019). The global prevalence of anxiety among medical students: a meta-analysis. International journal of environmental research and public health, 16(15), 2735. DOI: https://doi.org/10.3390/ijerph16152735.
Watte, A. P., Zuge, S. S., Morari, D. L., Martins, R. S., & de Brum, C. N. (2022). Ações de educação em saúde relacionadas ao contexto biopsicossocial e qualidade de vida de estudantes universitários em tempos da COVID-19: relato de experiência. Research, Society and Development, 11(7), e41611730267-e41611730267. DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i7.30267.
Whirledge, S., & Cidlowski, J. A. (2013). A role for glucocorticoids in stress-impaired reproduction: beyond the hypothalamus and pituitary. Endocrinology, 154(12), 4450-4468. DOI: https://doi.org/10.1210/en.2013-1652.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Danielle Soraya Figueiredo ; Karine Aparecida de Lima; Felipe Nathan da Silva Figueiredo ; Patrícia Lacerda Bellodi; Gustavo Bianchini Porfírio; Emerson Carraro; David Livingstone Alves Figueiredo
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.