Análise normativa do crime de uso indevido de informação privilegiada (insider trading) no Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v11i10.32598

Palavras-chave:

Delito bolsa de valores; Crime operações de mercado; Mercado de capitais; Mercado de valores mobiliários.

Resumo

Em decorrência do aumento da prática do crime de uso indevido de informações privilegiadas, conhecido como insider trading, optou-se por realizar levantamento histórico relacionado às formas de combate ao crime na América do Norte, bem como estudo da evolução histórica e legislativa no Brasil visando apresentar como a problemática está sendo conduzida no país. Utilizou-se como método para coleta dos dados a revisão bibliográfica, doutrinária e jurisprudencial e apresentação de resultados na forma descritiva. Concluiu-se que no Brasil o uso indevido de informação privilegiada é punido na esfera administrativa, por meio de advertência, multa e suspensão do exercício de cargo administrativo; na esfera civil, por meio de sanções indenizatórias e, na esfera penal, com reclusão de 1 a 5 anos e multa de até 3 vezes o valor obtido como vantagem. A Lei no 10.303/2001 simplificou o tipo penal almejando a incriminação de todos os agentes infratores. Entretanto, por tratar-se de crime complexo e de difícil comprovação, observa-se na prática número reduzido de condenações. Os constantes avanços tecnológicos proporcionam novas modalidades de operações no mercado de valores mobiliários tornando cada vez mais desafiadoras as atividades de supervisão, fiscalização e aplicação de penalidades.

Biografia do Autor

Caíque Cescon Smaniotto, Centro Universitário Eurípides de Marília

Graduando em Direito.

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Publicado

24/07/2022

Como Citar

SMANIOTTO, C. C. .; FURLANETO NETO, M. Análise normativa do crime de uso indevido de informação privilegiada (insider trading) no Brasil. Research, Society and Development, [S. l.], v. 11, n. 10, p. e88111032598, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i10.32598. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/32598. Acesso em: 17 jul. 2024.

Edição

Seção

Ciências Humanas e Sociais