Identificação de cepas multirresistentes nas mãos de profissionais de enfermagem pelo método de enxágue com luva

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v11i10.33030

Palavras-chave:

Segurança do paciente; Profissionais de saúde; Microrganismos; Staphylococcus aureus; Higiene das mãos.

Resumo

Apesar de existirem diferentes metodologias para coleta de microrganismos das mãos, há carência de estudos comparativos. Nesse sentido, objetivamos quantificar potenciais cepas patogênicas nas mãos de profissionais de enfermagem de um hospital público do Sul do Brasil, a partir da avaliação comparativa de métodos de coleta. Para isso, realizamos um estudo transversal, experimental e quali-quantitativo, durante o ano de 2019, sob aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos. Comprovamos que enxágue com luva é a metodologia indicada para coletas microbiológicas das mãos, já que recuperou 42,19% dos microrganismos, enquanto o swab recuperou 1,91%. A partir disso, realizamos coletas, quantificação e identificação de microrganismos nas mãos de profissionais de enfermagem. Para os microrganismos aeróbios mesófilos a quantificação variou de 5X104 a 4X106 UFC/mão, para os Staphylococcus coagulase positiva variou de 5X104 a 3X106 UFC/mão e para os fungos de 5X104 a 2X106 UFC/mão. Dentre os fungos as leveduras dominaram em 93,73%, sendo identificado, com frequência, o gênero Candida spp. Não foram encontrados coliformes totais e termotolerantes. Staphylococcus aureus estiveram em 90,91% das mãos, sendo realizado Teste de Sensibilidade aos Antibióticos em 25 colônias isoladas, todas testando resistência a pelo menos três classes de antibióticos, mostrando serem multirresistentes. A análise dos dados mostrou que o melhor método de coleta é o de enxágue com luva, pois recupera maior quantidade e diversidade microbiana que o método comparado. Além disso, foi possível observar a importância das mãos como fontes de contaminação cruzada entre pacientes.

Biografia do Autor

Juliana Marzari Rossato, Universidade Federal de Santa Maria

Graduada em Ciências Biológicas (Licenciatura), pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) (2012). Especialista em Vigilância Sanitária e Controle de Qualidade de Alimentos, pelo Instituto Qualittas (2014). Mestre em Saúde Animal (Microbiologia), pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde Animal (PPGSA) da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Sul (FEPAGRO) (2016). Doutora em Bioquímica Toxicológica (PPGBTOX), pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) (2020). Tem experiência em ecotoxicologia, utilizando modelos alternativos ao uso de vertebrados, e microbiologia. 

Terimar Ruoso , Universidade Federal de Santa Maria

Graduada em Ciências Biológicas - Licenciatura e Bacharelado pela Universidade de Passo Fundo (1997), mestre em Microbiologia pela Universidade Estadual de Londrina (1999) e doutora em EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS: QUÍMICA DA VIDA E SAÚDE pela Universidade Federal de Santa Maria (2017). Atualmente é professora Adjunta da UFSM no Departamento de Ciências da Saúde, onde coordena ao laboratório de Micrrobiologia e a equipe de Diagnóstico Molecular de SARS-CoV-2 por RT-qPCR (UFSM-Detecta) para Norte do RS. Tem experiência na área de Microbiologia e Ensino de Ciências, com ênfase em biologia molecular, atuando principalmente nos seguintes temas: indentificaçao de contaminação em alimentos e ambiente, ensino de microbiologia e análises de detecção de SARS-CoV-2 por RT-PCR.

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Publicado

07/08/2022

Como Citar

FONTANA, L. B. .; ROSSATO, J. M. .; RUOSO , T. Identificação de cepas multirresistentes nas mãos de profissionais de enfermagem pelo método de enxágue com luva. Research, Society and Development, [S. l.], v. 11, n. 10, p. e467111033030, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i10.33030. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/33030. Acesso em: 30 jun. 2024.

Edição

Seção

Ciências da Saúde