Resíduo de erva-mate (Ilex paraguariensis – Aquifoliaceae) na produção do cogumelo comestível Pleurotus ostreatoroseus
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i10.33086Palavras-chave:
Cultivo; Substratos alternativos; Shimeji; Crescimento micelial.Resumo
Cogumelos são cultiváveis em vários substratos de origem vegetal e o resíduo de erva-mate pode ser um dos mais promissores, especialmente se técnicas de cultivo domésticas forem desenvolvidas. Sendo um grande produtor e consumidor de erva-mate, o sul do Brasil também apresenta larga produção deste resíduo. Nesse sentido, este trabalho teve como objetivo testar o cultivo de Pleurotus ostreatoroseus no resíduo de erva-mate, buscando uma técnica para seu cultivo doméstico. Três substratos foram preparados: a) erva-mate parcialmente decomposta; b) erva-mate recentemente descartada; c) erva-mate recentemente descartada adicionada de serragem de Eucalyptus. O cultivo de P. ostreatoroseus em erva-mate recentemente descartada e parcialmente decomposta mostrou-se inviável, com micelização do substrato, mas sem produção de basidiomas. No cultivo com serragem, todas as concentrações testadas apresentaram formação de primórdios, sendo a de 70% a primeira a formar primórdios e apresentar o maior basidioma em diâmetro. Acredita-se que a aeração é um fator importante para o desenvolvimento micelial e dos basidiomas em P. ostreatoroseus, ao contrário do que já foi mencionado para P. djamor, contribuindo para diferenciação destas. O micélio da espécie crescendo em resíduo de erva-mate também foi capaz de reduzir o inóculo de fungos patogênicos, indicando que é uma prática adequada para o tratamento do resíduo final. Dessa forma, o resíduo de erva-mate adicionado de serragem de Eucalyptus mostrou-se um substrato possível para o cultivo de P. ostreatoroseus, além de eliminar fungos patogênicos de plantas.
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