Avaliação da Política Estadual de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais de Pernambuco a partir dos instrumentos de gestão
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i11.33388Palavras-chave:
Minorias Sexuais e de Gênero; Planejamento em Saúde; Vulnerabilidade em saúde.Resumo
O estado de Pernambuco instituiu em 2015 a Política Estadual de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (PESILGBT) como resposta a demandas em saúde destes grupos sociais. Nesse contexto, este artigo tem como objetivo avaliar a implementação da PESILGBT a partir de seus instrumentos de gestão. Realizou-se um estudo de caso, através de análise documental e análise de conteúdo dos Instrumentos de Gestão: Plano Estadual de Saúde; Programações Anuais de Saúde, e Relatórios Anuais de Gestão. Dentre os grupos sociais LGBT, evidenciou-se a maior inserção de ações de atenção à saúde direcionadas à travestis e transexuais, demonstrando o aumento da visibilidade desses grupos no contexto das políticas públicas de saúde em Pernambuco. No entanto, também se observou a perpetuação da invisibilização de mulheres lésbicas e bissexuais neste mesmo contexto. Em relação as abordagens em educação em saúde como estratégias de mudança da prática profissional, expressou-se o compromisso institucional da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco com a eliminação do preconceito e a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero na rede estadual de saúde, sendo esse um dos principais entraves da assistência à saúde. Concluiu-se que no contexto atual de reemergência da ideologia neoliberal, onde não há prioridade às políticas de equidade, a PESILGBT atua como um instrumento institucionalizado de fortalecimento ao direito à saúde dos grupos sociais LGBT.
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