Memórias de estudantes Kaingang: o lugar da escola na afirmação da identidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v11i11.33744

Palavras-chave:

Escola; Kaingang; Ocidentalocentrismo; Identidade; Cuidado.

Resumo

Este estudo trata das trajetórias de estudantes universitários indígenas Kaingang oriundos de comunidades localizadas na região do Alto Uruguai, na divisa entre os estados brasileiros do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Metodologicamente, realiza uma discussão teórica sustentada na literatura descolonial (hooks, Fanon, Quijano, Sousa Santos, Spivak, Walsh) e na filosofia da alteridade (Biesta, Gur-Ze’ev, Larrosa, Levinas, Masschelein, Simons) sobre a hegemonia da epistemologia ocidentalocêntrica nos processos educativos e sobre o lugar da escola a partir de relatos de experiências escolares de jovens indígenas matriculados em cursos de graduação do Campus Chapecó da Universidade Federal da Fronteira Sul. Conclui sobre a importância da escola, desde que tomada de uma perspectiva epistemológica descolonial, como espaço-tempo para criar e experimentar formas outras e alteritárias de ser e conviver com o outro, como um tempo-espaço de acolhimento, cuidado e afirmação da identidade indígena e para a construção de uma sociedade mais democrática e pluralista.

Referências

Arendt, H. (2016). Entre o passado e o futuro. Perspectiva.

Arendt, H. (2017). A condição humana. Forense Universitária.

Almeida, D. H. de. (2020). Remando o mar de histórias da minha vida. Mulher Kaingang, memória e pertencimento. In B. Baniwa, J. Kaingang, & L. Tremembé (Eds.), Vivências diversas: uma coletânea de indígenas mulheres (1st ed., pp. 91-104). Hucitec.

Biesta, G. (2017). Para além da aprendizagem: educação democrática para o futuro humano. Autêntica.

Brazilian Federal Constitution (1988). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

Brazilian Institute of Geography and Statistics (2010). Censo Demográfico 2010: o Brasil indígena. https://indigenas.ibge.gov.br/images/pdf/indigenas/folder_indigenas_web.pdf

Brighenti, C. A. (2014). Fen’Nó, uma guerreira: uma mulher, uma história, uma lenda. https://cimi.org.br/2014/03/35780/#:~:text=Fen'N%C3%B3%2C%20nome%20Kaingang.&text=Nascida%20nos%20prim%C3%B3rdios%20do%20s%C3%A9culo,e%20os%20peixes%20eram%20fartos

Butler, J. (2015). A reivindicação da não violência. Quadros de Guerra: quando a vida é passível de luto. Civilização Brasileira.

Carini, J. J. (2005). Estado, índios e colonos: o conflito na Reserva Indígena de Serrinha – Norte do Rio Grande do Sul. Editora UPF.

Carneiro da Cunha, M., & Barbosa, S. (2018). Direitos dos povos indígenas em disputa. Editora Unesp.

Fanon, F. (2008). Pele negra, máscaras brancas. Editora da Universidade Federal da Bahia.

Ferreira, B. (2019). As crianças Kaingang: educação escolar e os processos próprios de aprendizagem. R@U – Revista de @ntropologia da UFSCar, 11(1), 83-100.

Ferreira, B. (2020). ŨN SI AG TŨ PẼ KI VẼNH KAJRÃNRÃN FÃ. O papel da escola nas comunidades Kaingang [PhD dissertation, Universidade Federal do Rio Grande do Sul]. LUME Digital Database. https://lume.ufrgs.br/handle/10183/219241

Freire, P. (2005). Pedagogy of the oppressed. Continnum.

Gur-Ze’ev, I. (2005). Beyond postmodern feminist Critical Pedagogy: Toward a Diasporic philosophy of conter-education. In I. Gur-Ze’ev (Ed.), Critical Theory and Critical Pedagogy Today: Toward a New Critical language in Education (1st ed., pp. 149-183). Haifa.

hooks, B. (2017). Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. WMF Martins Fontes.

Kaingang, J. D. (2020) Mulher Kaingang, memória e pertencimento. In B. Baniwa, J. Kaingang, & L. Tremembé (Eds.), Vivências diversas: uma coletânea de indígenas mulheres (1st ed., pp. 43-64). Hucitec.

Kilomba, G. (2019). Memórias da plantação: Episódios de racismo cotidiano. Cobogó.

Larrosa, J. (2021). Impedir que o mundo se desfaça. In J. Larrosa, K. Rechia, & C. Cubas (Eds.), Elogio do professor (1st ed., pp. 81-116). Autêntica.

Law no. 9.394, of December 20 (1996). Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm

Levinas, E. (1988). Totalidade e Infinito. Edições 70.

Levinas, E. (2009). Humanismo do outro homem. Vozes.

Mabilde, P. F. A. B. (1983). Apontamentos sobre os selvagens da Nação Coroados dos Matos da Província do Rio Grande do Sul – 1836-1866. Fundação Pró-Memóri; INBRASA. http://etnolinguistica.wdfiles.com/local--files/biblio%3Amabilde-1983-apontamentos/Mabilde_1983_ApontamentosCoroadosRS.pdf

Magalhães, C. M. (2001). A Análise Crítica do Discurso enquanto Teoria e Método de Estudo. In C. M. Magalhães (Eds.), Reflexões sobre a análise crítica do discurso (1st ed., pp. 15-30). Faculdade de Letras-UFMG.

Masschelein, J., & Simons, M. (2021). Em defesa da escola. Autêntica.

Memmi, A. (2016). Retrato do colonizado: precedido do retrato do colonizador. Laiovento.

Mũtẽ, K. V. J. (2021). Kanhgág Vejen Ki Ciências Tu Kanhrãn Hãki Kanhgág My Ge Ke: Comidas Típicas Kaingang e o Ensino de Ciências na Educação Indígena. https://rd.uffs.edu.br/bitstream/prefix/4052/1/tcc%202021%20pronto-merged.pdf

Plá, S. (2022). Investigar la educación desde la educación. UNAM.

Quijano, A. (2019). Ensayos en torno a la colonialidad del poder. Ediciones del Signo.

Resolution no. 33/2013. Institui o Programa de Acesso e Permanência dos Povos Indígenas (PIN) da Universidade Federal da Fronteira Sul. https://www.uffs.edu.br/atos-normativos/resolucao/consuni/2013-0033

Sousa Santos, B. (2019). O fim do Império Cognitivo: a afirmação das Epistemologias do Sul. Autêntica.

Spivak, G. C. (2010). Pode o subalterno falar? Editora da UFMG.

Spivak, G. C. (2013). Can the subaltern speak? In P. Williams, & L. Chrisman (Eds.), Colonial discourse and Post-colonial theory: a reader (pp. 66-11). Routledge.

Tavares, I do N. Reflexões sobre o debate pós-colonial desde percepções de si. In B. Baniwa, J. Kaingang, & L. Tremembé (Eds.), Vivências diversas: uma coletânea de indígenas mulheres (1st ed., pp. 65-82). Hucitec.

Tedesco, J. C. Conflitos Agrários no Norte Gaúcho: indígenas, negros e agricultores [Paper presentation]. 12nd Encontro Estadual de História, São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brazil. http://www.eeh2014.anpuh-rs.org.br/site/anaiscomplementares

Vicenzi, R. (2008). Mito e história na colonização do oeste catarinense. Argos.

Walsh, C. (2007). Interculturalidad y colonialidad del poder. Un pensamiento y posicionamiento “otro” desde la diferencia colonial. In S. Castro-Gómez, & R. Grosfoguel (Eds.), El giro decolonial. Reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global (pp. 47-62). Iesco-Pensar-Siglo del Hombre Editores.

Downloads

Publicado

25/08/2022

Como Citar

PICOLI, B. A.; VICENZI, R. Memórias de estudantes Kaingang: o lugar da escola na afirmação da identidade. Research, Society and Development, [S. l.], v. 11, n. 11, p. e380111133744, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i11.33744. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/33744. Acesso em: 27 set. 2024.

Edição

Seção

Ciências Humanas e Sociais