A naturalização da capacidade de cuidar nas mulheres e seus efeitos discursivos na subjetivação materna

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v11i11.33785

Palavras-chave:

Subjetivação; Maternidade; Cuidado.

Resumo

Objetivo: objetivou-se investigar nos discursos de mulheres primíparas os efeitos discursivos da naturalização da capacidade de cuidar como atributo essencialmente feminino, nos processos de subjetivação materna. Método: Tratou-se de uma pesquisa de campo de natureza exploratória, segundo a abordagem qualitativa. A amostra foi constituída por 9 mulheres primíparas residentes na cidade de João Pessoa e no sertão da Paraíba. Os instrumentos utilizados foram: Entrevista semiestruturada composta por questões norteadoras e estruturadas de acordo com o objetivo do estudo e Questionário sóciodemográfico. As entrevistas foram analisadas através da análise do discurso e os dados sócio demográficos foram analisados através de estatística descritiva. Resultados: Partindo dos procedimentos anteriormente citados, podemos assumir que emergiram duas grandes unidades de análises, designadas como “Carga mental contínua: a cabeça de uma mãe não para” e “Desresponsabilização paterna na economia do cuidado: “ele não leva muito jeito”, sendo esses alguns dos efeitos discursivos decorrentes das práticas discursivas que naturalizam nas mulheres a  da capacidade de cuidar, reverberando nos modos como as mulheres fazem a experiência de si no processo de subjetivação materna. Conclusões: Conclui-se que a naturalização do cuidado ao mesmo tempo que, romantiza o cuidado parental como prática materna normativa, moraliza a prática materna como ação moral das mulheres. Os efeitos disso, tem endereçado as mulheres para experiências de maternidade despotencializadora, principalmente porque, reforça e/ou causam uma progressiva negação da existência das mulheres enquanto sujeitos de ação, posto que, essa normalização vai sendo nutrida a partir de práticas que desumanizam as mulheres.

Referências

Badinter, E. (2011). O conflito: a mulher e a mãe. Record.

Candiotto, C. (2006). Foucault: uma história crítica da verdade. Trans/form/ação, 29, 65-78. https://doi.org/10.1590/S0101-31732006000200006

Côrrea, R. (2022). Monumento para a mulher desconhecida: ensaios íntimos sobre o feminino. Rocco.

Cronemberger, L. F. (2019). Ser mãe é padecer no paraíso? O dispositivo da maternidade nas narrativas da depressão pós-parto. [Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-graduação em Sociologia, Universidade Federal da Paraíba]. Repositório institucional da UFPB: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/18126

Fidalgo, L. D. A. (2000). (Re) construir a maternidade numa perspectiva discursiva. [Tese de Doutorado, Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar, Universidade do Porto]. file:///C:/Users/Renata/Downloads/87781_W_4_FID_001_01_P%20(7).pdf

Forna, A. (1999). Mãe de todos os mitos: como a sociedade modela e reprime as mães. Ediouro.

Foucault, M. (1997). A Arqueologia do Saber. Vozes.

Hooks, B. (2020). O feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras. Rosa dos tempos.

Macêdo, S. (2020). Ser mulher trabalhadora e mãe no contexto da pandemia Covida19: tecendo sentidos. Revista do NUFEN, 12(2), 187-204. http://dx.doi.org/10.26823/RevistadoNUFEN.vol12.nº02rex.33

Marcello, F. D. A. (2005). Enunciar-se, organizar-se, controlar-se: modos de subjetivação feminina no dispositivo da maternidade. Revista Brasileira de Educação, 139-151.

Minayo, M. C. D. S. (2010). O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. Hucitec.

Nardi, H. C., & da Silva, R. N. (2004). A emergência de um saber psicológico e as políticas de individualização. Educação & Realidade. Recuperado de https://www.seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/25425

Nogueira, C. (1996). Um novo olhar sobre as relações de gênero: perspectiva crítica na psicologia social. [Tese de Doutorado, Psicologia Social e das Organizações]. https://oasisbr.ibict.br/vufind/Record/RCAP_381fb5ac203196b172df9ba95e8f2c07

Oliveira, R. D. de. (2003). Reengenharia do tempo. Ed Rocco.

Parrella, W. D. C., & Perico, J. Q. (2022). Desafios vivenciados por mulheres em cargos de liderança sob a perspectiva de gênero.

Perrot, M. (2019). Minha história das mulheres. Contexto.

Rizzato, A. L. (2021). Ainda o mito do amor materno... o cansaço de mulheres exercendo a maternidade na pandemia.

Santos, T. S. M. (2019). A maternidade, a mulher e a história. In Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais 2019 (Vol. 16, No. 1).

Scavone, L. (2004). Dar a vida e cuidar da vida: Feminismo e Ciências Sociais. Editora UNESP.

Silva, M. S. L. D. (2021). Um olhar para além da beleza da maternidade: Burnout materno–exaustão e sobrecarga de mães. [Monografia, Centro de Educação e Saúde, Universidade Federal da Paraíba]. http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/21342

Zanello, V. (2018). Saúde mental, gênero e dispositivos: cultura e processos de subjetivação. Editora Appris.

Downloads

Publicado

05/09/2022

Como Citar

AZEVEDO, M. R. F. de .; AZEVEDO, R. L. W. de; SALDANHA, A. A. W. . A naturalização da capacidade de cuidar nas mulheres e seus efeitos discursivos na subjetivação materna. Research, Society and Development, [S. l.], v. 11, n. 11, p. e355111133785, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i11.33785. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/33785. Acesso em: 30 jun. 2024.

Edição

Seção

Ciências Humanas e Sociais