Custo-utilidade da memantina para Doença de Alzheimer no Brasil

Resumo

O envelhecimento populacional acelerado ocasiona um aumento progressivo dos quadros demenciais, sobretudo da Doença de Alzheimer (DA). O objetivo do estudo foi realizar uma análise de custo-utilidade acerca do uso da memantina para a DA no estágio grave em comparação a nenhum tratamento farmacológico específico, na perspectiva do Sistema Único de Saúde (SUS). Um modelo de Markov foi elaborado para simular a progressão da DA através de cinco estágios finitos de saúde que consideraram a função cognitiva e um horizonte temporal de cinco anos. As probabilidades de progressão foram derivadas de ensaios clínicos e estudos de base populacionais. Os custos médicos diretos incluíram hospitalizações, consultas médicas, uso da memantina e de medicamentos adicionais, além de testes laboratoriais. As medidas de anos de vida ajustados pela qualidade (QALY, Quality Adjusted Life Year) foram derivadas da literatura. Custos e benefícios foram descontados em 5%. O uso da memantina, comparada a nenhum tratamento farmacológico específico, esteve associado a ganhos em QALY e a custos adicionais. O modelo mostrou que a memantina resultou em um ganho de 0,00308 QALY ao longo dos 5 anos simulados e um aumento dos custos de R$ 351,50 por paciente em valores já descontados, resultando em uma razão de custo-efetividade incremental (RCEI) de R$ 114.123,38 por QALY. O custo e efeito da memantina na progressão da DA foram as variáveis sob maior incerteza. Apesar da memantina representar ganhos em QALY, sua RCEI é elevada na realidade brasileira, considerando custos elevados e um benefício pequeno e circunscrito no tempo.