Efeitos da utilização de antidepressivos durante período gestacional: uma revisão sistemática
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i11.33950Palavras-chave:
Gravidez; Antidepressivos; Desenvolvimento embrionário e fetal.Resumo
Objetivo: Apresentar e discutir pesquisas que analisaram o uso dos antidepressivos no período gestacional e os efeitos encontrados no desenvolvimento do bebê como consequência à sua exposição aos princípios farmacológicos. Metodologia: Realizou-se levantamento bibliográfico de 82 publicações originais, utilizando descritores: Gravidez; Antidepressivos; Desenvolvimento Embrionário e Fetal, nas bases de dados BVS, Lilacs, Medline, Pubmed, Scielo, Science Direct, Scopus e Web of Science. Após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão propostos no delineamento de busca, totalizaram 9 publicações aceitas para utilização nesta revisão. Resultados e Discussão: Os resultados obtidos apontam que existem evidências clínicas de que o uso de antidepressivos durante a gravidez acarreta diversos efeitos que irão comprometer o desenvolvimento do bebê, desde o período intrauterino até seu processo de aquisição de novas habilidades no período inicial de vida. Contudo, o quadro clínico de depressão não tratada (DPNT) em grávidas vem sendo associado a riscos elevados para abortos espontâneos, partos prematuros e baixo peso no nascimento dos bebês. Pesquisas revelam ainda, presença significativa nos níveis elevados de cortisol nas gestantes, refletindo diretamente no desenvolvimento fetal e aumento da irritabilidade materna durante o processo. Considerações finais: Foi possível evidenciar que utilizar antidepressivos no período gestacional é associado a riscos tanto para mãe e quanto para o feto, gerando comprometimento do desenvolvimento fetal como: hipoglicemia, malformações relacionadas com o sistema cardiovascular, propensão ao desenvolvimento TEA, ou outras alterações cognitivas, comportamentais e emocionais em longo prazo, comprometendo diretamente a qualidade de vida de ambos.
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