Insuficiência cardíaca crônica: uma revisão do manejo farmacoterapêutico
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i11.33978Palavras-chave:
Insuficiência cardíaca congestiva; Insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida; Farmacoterapia; Neprilisina; Antagonista do receptor de angiotensina II; Inibidor do transportador 2 de glucose-sódio.Resumo
Avaliar, descrever e comparar os tratamentos farmacológicos disponíveis para insuficiência cardíaca (IC). Trata-se de revisão da literatura sobre o tratamento farmacológico da IC baseada em artigos selecionados na base de dados PubMed, bem como em diretrizes relevantes, usando palavras-chave pertinentes e aplicação de critérios de inclusão e exclusão. A insuficiência cardíaca crônica é uma condição comum que, se não tratada, prejudica acentuadamente a qualidade de vida e está associada a alto risco de mortalidade, morbidade e hospitalização recorrente. No entanto, o prognóstico dos pacientes com esta condição vem melhorando com o conhecimento da fisiopatologia da IC e então, aplicação assertiva de vias de tratamento tanto não farmacológico quanto farmacológico. A farmacoterapia baseia-se na inibição neuro-hormoral do sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) e do sistema nervoso simpático para melhorar o estado de saúde e a sobrevida desses pacientes. Atualmente a recomendação para o tratamento da IC com fração de ejeção reduzida (ICFEr) inclui 4 classes de medicamentos: um inibidor da neprilisina e antagonista do receptor de angiotensina II (INRA), betabloqueadores, antagonistas de receptores de mineralocorticóides (ARM) e inibidores de SGLT2 (iSGLT2). A farmacoterapia redutora de mortalidade na IC, atualmente, inclui INRA, beta-bloqueador, ARM e iSGLT2. Portanto, o desafio é transformar os resultados alcançados nos estudos clínicos em realidade para a maioria dos pacientes com IC. Este caminho deve ser promovido através do atendimento multidisciplinar com melhora do acesso aos medicamentos preconizados, acompanhamento próximo dos pacientes, hábitos saudáveis, controle de comorbidades e adesão terapêutica.
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