Ciência Forense ou Ciências Forenses? Uma análise conceitual

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v11i12.34215

Palavras-chave:

Ciência Forense; Ciências Forenses; Inteligência Forense; Interdisciplinaridade.

Resumo

Ciência e justiça precisam interagir para resolver diferentes situações. Essa interação, no entanto, precisa ocorrer de forma eficiente para não gerar ainda mais dúvidas. A avaliação científica no contexto jurídico deve ser compreendida e atingir seu objetivo. Para isso, muito se tem discutido sobre a natureza e finalidade da avaliação científica forense. Neste trabalho, objetivou-se avaliar o que é ciência forense e qual o alinhamento conceitual desta área do conhecimento frente aos cenários nacional e internacional. Realizamos uma revisão bibliográfica sobre o assunto para compreender os aspectos fundamentais desse tema. Estudos conceituais sobre ciência forense são praticamente inexistentes na literatura nacional. A ciência forense foi contextualizada em seus aspectos multi, inter e transdisciplinar. Os resultados quantitativos da revisão bibliográfica mostraram a necessidade urgente de desenvolver o tema no cenário nacional e seu alinhamento com a compreensão mundial. Aspectos históricos do desenvolvimento da ciência forense foram utilizados na discussão sobre a conceituação do termo. No entanto, internacionalmente há esforços constantes para definir o propósito e o escopo da ciência forense. A Declaração de Sydney foi lançada recentemente como um documento orientador. Concluímos que a discussão sobre o conceito de ciência forense deve ser constante para aprimorá-lo em nível nacional e alinhá-lo ao pensamento internacional. Espera-se que este trabalho estimule a discussão do tema, fortalecendo o desenvolvimento da ciência forense e reforçando sua importância para a administração da justiça.

Referências

Badaró, G. H. (2019). Epistemologia judiciária e prova penal (1.ed.). Editora Revista dos Tribunais.

Barreto, M. N., & Nunes, C. P. (2020). Sobre métricas e indexação: algumas aproximações da Revista Práxis Educacional no Google Acadêmico. Práticas Educativas, Memórias e Oralidades - Rev. Pemo, 3(1), e314418. https://doi.org/10.47149/pemo.v3i1.4418

Beck, U. (2018). A metamorfose do mundo: novos conceitos para uma nova realidade. Zahar.

Bell, S. (2005). Forensic chemistry. Annual Review of Analytical Chemistry (Palo Alto, Calif.), 2, 297–319. https://doi.org/10.1146/annurev-anchem-060908-155251

Beltrán, J. F. (2017). Prova e verdade no Direito. Revista dos Tribunais.

Booth, W. C., Colomb, G. G., & Williams, J. M. (2005). A Arte da Pesquisa (2a Edição). Martins Fontes - Selo Martins.

Bráz, J. (2016). Ciência, tecnologia e investigação criminal. Almedina.

Bruni, A. T. (2020). Cadeia de Custódia. In C. do P. Amaral (Ed.), Pacote Anticrime: Comentários à Lei N. 13.964/2019 (1st ed., pp. 117–134). Almedina Matriz.

Choi, B. C. K., & Pak, A. W. P. (2006). Multidisciplinarity, interdisciplinarity and transdisciplinarity in health research, services, education and policy: 1. Definitions, objectives, and evidence of effectiveness. Clinical and Investigative Medicine, 29(6), 351–364.

Choi, B. C. K., & Pak, A. W. P. (2007). Multidisciplinarity, interdisciplinarity, and transdisciplinarity in health research, services, education and policy: 2. Promotors, barriers, and strategies of enhancement. Clinical and Investigative Medicine, 30(6). https://doi.org/10.25011/cim.v30i6.2950

Clarke, R. v. (2004). Technology, Criminology and Crime Science. European Journal on Criminal Policy and Research, 10, 55–63.

Cockbain, E., & Laycock, G. (2017). Crime Science. In Oxford Research Encyclopedia of Criminology and Criminal Justice (pp. 1–35). https://doi.org/10.4324/9781843925842

Coêlho, B. F. (2010). Histórico da medicina legal. Revista Da Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo, 105(0), 355–362. https://www.revistas.usp.br/rfdusp/article/view/67905

Comte, A. (1875). Principios de Filosofia Positiva. Imprenta de la Liberia del Mercurio de A. i. M. Echeverria.

Crispino, F. (2008). Nature and place of crime scene management within forensic sciences. Science and Justice, 48(1), 24–28. https://doi.org/10.1016/j.scijus.2007.09.009

Cunha, R. S., & Pinto, R. B. (2021). Código de Processo Penal e Lei de Execução Penal Comentados Artigo por Artigo (2021) (5th ed.). Editora Juspodivm.

Eckert, W. G. (1996). Introduction to Forensic Sciences (W. G. Eckert, Ed.; 2nd ed.). CRC Press.

Esseiva, P., Ioset, S., Anglada, F., Gasté, L., Ribaux, O., Margot, P., Gallusser, A., Biedermann, A., Specht, Y., & Ottinger, E. (2007). Forensic drug Intelligence: An important tool in law enforcement. Forensic Science International, 167(2–3), 247–254.

Eva Bruenisholz, S. P. and A. R. (2015). The Intelligent Use of Forensic Data. ANZPAA National Institute of Forensic Scienceof Forensic Science.

Góngora, J. M. G. (2018). Introducción a las ciencias forenses (J. M. G. Góngora, Ed.). Universitat Oberta de Catalunya.

Haack, S. (2009). Irreconcilable differences: the troubled marriage of Science and Law. Law and Contemporary Problems, 7(1), 1–23.

Hebrard, J., & Daoust, F. (2013). History of Forensic Sciences. In J. A. Siegel, P. J. Saukko, & M. M. Houck (Eds.), Encyclopedia of Forensic Sciences (2nd ed., pp. 273–277). Elsevier. https://doi.org/10.1016/B978-0-12-382165-2.00191-4

Junker, K. W. (2017). Comparing Law as Science with Science in the Law: Preliminary Thoughts. Law and Forensic Science, 14(2), 82–97.

Laycock, G. (2005). Crime, Science and Evaluation. Criminal Justice Matters, 62(1), 10–11. https://doi.org/10.1080/09627250508553089

Lopes Jr, A. (2020). Direito Processual Penal (17.ed.). Saraiva Educação.

Lopez, B. E., McGrath, J. G., & Taylor, V. G. (2020). Using Forensic Intelligence To Combat Serial and Organized Violent Crimes. National Institute of Justice Journal, Basia E. L.

Maia, F. S. (2012). Criminalística Geral. Escola Superior Do Ministério Público Do Estado Do Ceará – ESMP/CE.

Merriam-Webster. (2022). Interdisciplinarity Definition & Meaning. Merriam-Webster Dictionary.

Mistek, E., Fikiet, M. A., Khandasammy, S. R., & Lednev, I. K. (2019). Toward Locard’s Exchange Principle: Recent Developments in Forensic Trace Evidence Analysis. Analytical Chemistry, 91(1), 637–654. https://doi.org/10.1021/acs.analchem.8b04704

Mokiy, V. (2019). Systems Transdisciplinary Approach in the General Classification of Scientific Approaches. European Scientific Journal ESJ, 15(19), 247–258. https://doi.org/10.19044/esj.2019.v15n19p247

Morelato, M., Baechler, S., Ribaux, O., Beavis, A., Tahtouh, M., Kirkbride, P., Roux, C., & Margot, P. (2014). Forensic intelligence framework—Part I: Induction of a transversal model by comparing illicit drugs and false identity documents monitoring. Forensic Science International, 236, 181–190. https://doi.org/10.1016/j.forsciint.2013.12.045

Morelato, M., Beavis, A., Tahtouh, M., Ribaux, O., Kirkbride, P., & Roux, C. (2013). The use of forensic case data in intelligence-led policing: The example of drug profiling. Forensic Science International, 226(1–3), 1–9. https://doi.org/10.1016/j.forsciint.2013.01.003

Morgan, R. M. (2018). Forensic science: interdisciplinary, emerging, contested. In J. P. Davies & N. Pachler (Eds.), Teaching and Learning in Higher Education: Perspectives from UCL (1st ed., pp. 235–240). UCL Institute of Education Press.

Morgan, R. M. (2019). Forensic science. The importance of identity in theory and practice. Forensic Science International: Synergy, 1, 239–242. https://doi.org/10.1016/J.FSISYN.2019.09.001

O’Brien, É., Nic Daeid, N., & Black, S. (2015). Science in the court: pitfalls, challenges and solutions. Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences, 370(1674), 20150062. https://doi.org/10.1098/rstb.2015.0062

Payne, B. K. (2015). Expanding the Boundaries of Criminal Justice: Emphasizing the “S” in the Criminal Justice Sciences through Interdisciplinary Efforts. Http://Dx.Doi.Org/10.1080/07418825.2015.1068837, 33(1), 1–20. https://doi.org/10.1080/07418825.2015.1068837

Ribaux, O., Baylon, A., Roux, C., Delémont, O., Lock, E., Zingg, C., & Margot, P. (2010). Intelligence-led crime scene processing. Part I: Forensic intelligence. Forensic Science International, 195(1–3), 10–16. https://doi.org/10.1016/j.forsciint.2009.10.027

Ribaux, O., Crispino, F., & Roux, C. (2014). Forensic intelligence: deregulation or return to the roots of forensic science? Australian Journal of Forensic Sciences, 0618(November), 1–11. https://doi.org/10.1080/00450618.2014.906656

Ribaux, O., Girod, A., Walsh, S. J., Margot, P., & Mizrahi, S. (2003). Forensic intelligence and crime analysis. Law, Probability and Risk, 2(1), 47–60. https://doi.org/10.1093/lpr/2.1.47

Ribaux, O., & Talbot Wright, B. (2014). Expanding forensic science through forensic intelligence. Science & Justice, 54(6), 494–501. https://doi.org/10.1016/J.SCIJUS.2014.05.001

Ribaux, O., Walsh, S. J., & Margot, P. (2006). The contribution of forensic science to crime analysis and investigation: Forensic intelligence. Forensic Science International, 156(2–3), 171–181.

Roberts, P. (2015). Paradigms of forensic science and legal process: A critical diagnosis. Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences, 370(1674). https://doi.org/10.1098/rstb.2014.0256

Roux, C., Bucht, R., Crispino, F., De Forest, P., Lennard, C., Margot, P., Miranda, M. D., NicDaeid, N., Ribaux, O., Ross, A., & Willis, S. (2022). The Sydney declaration – Revisiting the essence of forensic science through its fundamental principles. Forensic Science International, 332, 111182. https://doi.org/10.1016/j.forsciint.2022.111182

Roux, C., Crispino, F., & Ribaux, O. (2018). From Forensics to Forensic Science. Current Issues in Criminal Justice, 24(1), 7–24. https://doi.org/10.1080/10345329.2012.12035941

Silva, C. L. do N., & Melo, T. C. de L. (2018). “quem de novo não morre, de velho não escapa”: uma pesquisa bibliográfica acerca das publicações em tanatologia no período de 2012 a 2017 no Brasil. Caderno De Graduação - Ciências Humanas E Sociais - UNIT - ALAGOAS, 4(3), 173–186.

Stumvoll, V. P. (2019). Criminalística (7th ed.). Millennium Editora.

Tavares De Souza, M., Dias Da Silva, M., & de Carvalho, R. (2010). Revisão integrativa: o que é e como fazer? Einstein, 8(1), 102–108.

Tavares, J., & Casara, R. (2020). Prova e Verdade (1.ed.). Tirant Brasil.

Velho, J. A., Geiser, G. C., & Espindula, A. (2017). Introdução às ciências forenses. In J. A. Velho, G. C. Geiser, & A. Espindula (Eds.), Ciências Forenses - Uma introdução às principais áreas da criminalística (3rd ed.). Millennium Editora.

Wortley, R., Sidebottom, A., Tilley, N., & Laycock, G. (2018). What is Crime Science? In R. Wortley, A. Sidebottom, N. Tilley, & G. Laycock (Eds.), Routledge Handbook of Crime Science (1st ed., p. 494). Routledge.

Downloads

Publicado

10/09/2022

Como Citar

RODRIGUES, C. H. P. .; AMARAL, M. E. A. .; MARIOTTO, L. S.; CASTRO, J. S. .; MASCARELLI, M. E. .; VELHO, J. A.; BRUNI, A. T. Ciência Forense ou Ciências Forenses? Uma análise conceitual. Research, Society and Development, [S. l.], v. 11, n. 12, p. e177111234215, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i12.34215. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/34215. Acesso em: 25 nov. 2024.

Edição

Seção

Ciências Humanas e Sociais