O teatro como linguagem para o letramento histórico em contra-educação

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v11i12.34403

Palavras-chave:

Teatro; Letramento histórico; Contra-educação; Neoliberalismo.

Resumo

Este artigo propõe retomar a ideia de uma contra-educação, propondo uma reflexão sobre a potência do teatro para o letramento histórico, a partir do entendimento do seu conceito, importância, emergência e possibilidades. Se em 2013 a filósofa Márcia Tiburi propôs uma contra-educação por perceber que a educação estava rebaixada à informação e à aprendizagem de tecnologias como subserviência à ideologia do capital, a atual conjuntura de exacerbamento de ignorância, impulsionada pelas mídias digitais, crescimento neofascista, e ataques de grupos conservadores a educação, exige uma crítica ética da atualidade e a proposição de outra educação que rompa com o modelo neoliberal, de humilhação e rebaixamento da educação à mercadoria. Nesse sentido, o presente artigo busca refletir sobre a potencialidade do teatro como linguagem para o letramento histórico, argumentando que tanto letramento histórico como a prática teatral, num enlace para o enfrentamento à educação promovida pela racionalidade neoliberal, são coerentes com uma proposta engajada com a contra-educação, que promova uma educação libertadora.

Biografia do Autor

Juliana Fraga, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Licenciada em História (Unisinos), Mestranda em Educação (UFRGS), professora de escolas de educação básica no Rio Grande do Sul.

Marcelo Leandro Eichler, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Licenciado em Química (UFRGS), Doutor em Psicologia do Desenvolvimento (UFRGS) e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

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Publicado

11/09/2022

Como Citar

FRAGA, J.; EICHLER, M. L. . O teatro como linguagem para o letramento histórico em contra-educação. Research, Society and Development, [S. l.], v. 11, n. 12, p. e201111234403, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i12.34403. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/34403. Acesso em: 30 jun. 2024.

Edição

Seção

Ciências Humanas e Sociais