Hipótese glutamatérgica e hipofunção dos receptores NMDA na fisiopatologia da esquizofrenia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v11i12.34893

Palavras-chave:

Esquizofrenia; Glutamato; NMDA; Fisiopatologia.

Resumo

Introdução: A esquizofrenia é uma doença grave, episódica e persistente, com um curso de tempo característico em que episódios agudos, caracterizados por sintomas psicóticos positivos, como delírios e alucinações, são seguidos por uma fase crônica em que sintomas negativos e cognitivos incapacitantes e deficiências sociais tendem a ser proeminentes. O aminoácido glutamato é o principal neurotransmissor excitatório do sistema nervoso central (SNC), presente em cerca de 30 a 40% das sinapses cerebrais e em 80% das áreas envolvidas em processos cognitivos, principalmente no córtex cerebral e no hipocampo. Objetivo: evidenciar a hipótese glutamatérgica na fisiopatologia da esquizofrenia. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, e a pesquisa foi realizada através do acesso online nas bases de dados National Library of Medicine (PubMed MEDLINE), Scientific Electronic Library Online (Scielo), Google Scholar, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e EBSCO Information Services, no mês de setembro de 2021. Resultados e discussão: A relação da neurotransmissão glutamatérgica com os sintomas apresentados por indivíduos esquizofrênicos pode ser validada ao avaliar a estreita interação entre os receptores NMDA de glutamato na via mesocortical, responsável pelas funções cognitivas normais e pela motivação, e a consequente liberação de dopamina. Em situações de hipofunção da via do glutamato, há pouca liberação de dopamina no córtex, o que resulta nos sintomas negativos e cognitivos. Conclusão: uma série de evidências sugere o envolvimento dos receptores glutamatérgicos tipo NMDA na esquizofrenia.

Referências

Allen, J. A., et al. (2011). Descoberta de ligantes D2 de dopamina polarizados por β-arrestina para sondar as vias de transdução de sinal essenciais para a eficácia antipsicótica. Proc. Natl. Acad. Sci., 108 (8), 18488–18493.

Beck, K., et al. (2016). Targeting glutamate to treat schizophrenia: lessons from recente clinical studies. Revist Psychopharmacology, 233 (1), 2425-2428.

Björkholm, C., Marcus, M. M., Konradsson-Geuken, Å., Jardemark, K., Svensson, T. H. (2017). O novo antipsicótico brexpiprazol, sozinho e em combinação com escitalopram, facilita a transmissão glutamatérgica pré-frontal por meio de um mecanismo dependente do receptor D1 da dopamina. Neuropsychopharmacol., 27 (8), 411–417.

Borba, L. O., et al. (2017). Adesão do portador de transtorno mental à terapêutica medicamentosa no tratamento em saúde mental. Revista da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, 52 (3), 1-10.

Celotto, A. C., Durigin, L., Calfi, G. S. & Rosa, M. L. N. M. (2019). Participação dos receptores metabotrópicos de glutamato e da via de sinalização por óxido nítrico no desenvolvimento da esquizofrenia. Manuscripta Médica, 2 (3), 1-15.

Coyle, J. T. & Balu, D. T. (2018). O papel da serina racemase na fisiopatologia das doenças cerebrais. Adv. Pharmacol., 82 (8), 35 – 56.

Dias, P., et al. (2020). Bem-estar, qualidade de vida e esperança em cuidadores familiares de pessoas com esquizofrenia. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental, 17 (23), 23-30.

Gao, X. M., Sakai, K., Roberts, R. C., Conley, R. R. & Dean, B. (2000). CA ionotrópicos receptores de glutamato e expressão de N -metil- D subunidades do receptor aspartato em sub-regiões do hipocampo humano: Efeitos da esquizofrenia. Sou. J. Psychiatry, 157 (5), 1141-1149.

Goff, D. C. (2000). Glutamate receptores em esquizofrenia e drogas antipsicóticas. Em receptores de neurotransmissores em ações de medicamentos antipsicóticos. Lidow, 4 (8), 126–141.

González-Maeso, J., et al. (2008). Identificação de um complexo receptor de serotonina / glutamato implicado na psicose. Nature, 452 (8), 93–97.

Herman, E. J., Bubser, M., Conn, P. J. & Jones, C. K. (2012). Metabotropic glutamate receptors for new treatment in esquizofrenia. Handb. Exp. Pharmacol., 8 (1), 297–365.

Howes, O., et al. (2015). Glutamate and dopamine in schizophrenia: na update for the 21 century. Journal Psychopharmacol, 29 (2), 97-115.

Jackson, J., et al. (2012). Uma dieta sem glúten em pessoas com esquizofrenia e anticorpos anti-transglutaminase tecidual ou anti-gliadina. Esquizofr. Res., 140 (7), 262-263.

Kaiser, L. G., Schuff, N., Cashdollar, N. & Weiner, M. W. (2005). Age-related glutamate and glutamine concentração changes in normal human brain: 1H MR espectroscopy study at 4 T. Neurobiol. Envelhecimento, 26 (8), 665-672.

Kumar, J., et al. (2018). Glutationa e glutamato na esquizofrenia. Revista Psiquiatria Molecular, 25 (1), 873-882.

Laruelle, M. (2014). Schizophrenia: From dopaminergic to glutamatérgic intervenções. Curr. Opiniões Pharmacol., 14 (8), 97–102.

Lim, J. et al. (2016). A relação entre subdomínios de sintomas negativos e cognição. Psychol. Med., 46 (4), 2169 – 2177.

Lin, C. H. & Lane, H. Y. (2019). Early Identification and Intervention of Schizophrenia: Insight from Hypotheses of Glutamate Disfunction and Oxidative Stress. Revist Frontiers in Psychiatry, 27 (10), 1-9.

Madeira, C., et al. (2018). Níveis de glutamato e glutamina no sangue no início recente e na esquizofrenia crônica. Revista Fronteiras em Psiquiatria, 9 (173), 1-8.

Martínez, C. J. & Roman, V. R. (2015). Propuesta de un modelo de respuesta de los delírios esquizofrénicos a los antipsicóticos. Revista Associação Espanhola de Neuropsiquiatria, 36 (129), 15-28.

Matosin, N., Fernandez-Enright, F., Frank, E., Deng, C., Wong, J., Huang, X.-F. & Newell, K. A. (2014). Receptor de glutamato metabotrópico mGluR2 / 3 e mGluR5 ligando-se ao córtex cingulado anterior em depressão psicótica e não psicótica, transtorno bipolar e esquizofrenia: implicações para novas terapêuticas baseadas em mGluR. J. Psychiatry Neurosci., 39 (8), 407–416.

Meador-Woodruff, J. H. (2000). Healy, expressão do receptor DJ Glutamato no cérebro esquizofrênico. Brain Res. Brain Res. Rev., 31(8), 288–294.

Menniti, F. S., Lindsley, C. W., Conn, P. J., Pandit, J. & Zagouras, P. (2013). Volkmann, RA Allosteric modulators for the treatment of esquizofrenia: Targeting glutamatérgic networks. Curr. Principal. Med. Chem., 13 (4), 26–54.

Stepnicki, P., Kondej, M. & Kaczor, A. A. (2018). Conceitos e tratamentos atuais da esquizofrenia. Molecules, 23 (8), 1-9.

Stone, J. M., Morrison, P. D. & Pilowsky, L. S. (2007). Glutamato e desregulação da dopamina na esquizofrenia – A síntese e revisão seletiva. J. Psychopharmacol. Oxf. Engl., 21 (8), 440–452.

Thiebes, S., et al. (2017). Glutamatergic deficit and negative schizophrenia type: new evidence of incompatible and ketamine-induced negative changes in healthy men. Journal Psychiatry Neuroscience, 42 (4), 273-283.

Tomaka, J., et al. (2017). Gluten-related transtornos e esquizofrenia-potencial linking engines, diagnostic andapeutic challenge. Curr. Probl. Psychiatry.,18 (7), 9–24.

Uno, Y., et al. (2019). Glutamate hypothesis in schizophrenia. Psychiatry and Clinical Neurosciences, 73 (1), 204-215.

Yui, K., Ikemoto, S., Ishiguro, T. & Goto, K. (2000). Estudos de psicose por anfetamina ou metanfetamina no Japão: Relação da psicose por metanfetamina com a esquizofrenia. Ann. NY Acad. Sci., 914 (3),1 – 12.

Downloads

Publicado

18/09/2022

Como Citar

CUNHA, Ítalo Íris B. R. da .; SILVA, T. P. da .; FIGUEIREDO, B. Q. de .; XAVIER, A. da S.; VIEIRA, C. V. de B.; MENDES, G. A. R.; ALENCAR, I. E. S.; ROSA, C. R.; JORGE NETO, L. H.; BRITO, R. C. Hipótese glutamatérgica e hipofunção dos receptores NMDA na fisiopatologia da esquizofrenia. Research, Society and Development, [S. l.], v. 11, n. 12, p. e389111234893, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i12.34893. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/34893. Acesso em: 30 jun. 2024.

Edição

Seção

Ciências da Saúde