A Pedagogia histórico crítica e a formação humana integral como possibilidade de resistência à BNCC: perspectivas para formação do professor
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i13.35313Palavras-chave:
Formação propedêutica; Proposta curricular; Currículo local; Mundo do trabalho; Políticas neoliberais.Resumo
O presente artigo objetiva debater os fundamentos pedagógicos da Formação Humana Integral (FHI) em face da proposta curricular apresentada pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), com vistas a traçar perspectivas de resistência no âmbito da formação dos professores e na atuação destes na construção do currículo local. A Formação Humana Integral tem na sua base teórica a Pedagogia Histórico Crítica a qual propõe um projeto que forme o indivíduo autônomo, independente e compromissado com o seu papel de cidadão na vida social. Na FHI, a escola é o lugar da formação propedêutica, da compreensão dos processos técnicos, científicos e histórico-sociais, bem como da preparação do indivíduo para o mundo do trabalho. A BNCC, contrariamente, advoga uma proposta, balizada na Pedagogia das Competências, reduzida à preparação do indivíduo para o mercado de trabalho, transformando a escola num ambiente de preparação empresarial. Com o intuito de desenvolver este debate, fez-se um estudo de caráter exploratório da literatura acadêmica atinente à matéria e da análise documental para lançar as bases teóricas do presente artigo. Dessa forma, concluiu-se que, diante dos ditames da BNCC, a formação do professor na construção do currículo deve se pautar pela resistência ao modelo exclusivamente tecnicista, tendo nos fundamentos pedagógicos da FHI, preconizado pelos Institutos Federais (IFs), um caminho de luta pela manutenção e aprimoramento do currículo integrado como forma de vedação às políticas neoliberais que impõe um cenário de retrocesso para Educação Nacional.
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