Viabilidade do sistema de distribuição por dose unitária na Unidade de Terapia Intensiva neonatal de um hospital universitário: um estudo baseado em valor
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i15.37213Palavras-chave:
Sistemas de medicação no hospital; Custos de medicamentos; Terapia Intensiva Neonatal; Segurança do paciente.Resumo
O acesso ao medicamento é considerado um direito humano fundamental, mas deve ser promovido racionalmente. Este trabalho teve como objetivo comparar os custos diretos do sistema de dispensação de medicamentos misto empregado em uma unidade de terapia intensiva neonatal, com uma simulação do sistema de distribuição de medicamentos por dose unitária através de uma farmacotécnica hospitalar normatizada pela RDC 67/2007. Trata-se de um estudo transversal, retrospectivo e analítico, de abordagem qualitativa e quantitativa. As variáveis desse estudo foram obtidas através da análise de prescrição e dos relatórios de dispensação, no período de um ano, e estão relacionadas à terapia farmacológica e ao consumo e custos associados. A análise comparativa simples dos custos exclusivos com consumo de medicamentos no modelo de dispensação misto e no cenário simulado demonstrou uma economia de 27,07% (R$ 27.072,66), favorável ao último. O grupo de medicamentos injetáveis contribuiu majoritariamente para esta economia, com aproximadamente 95,0% (R$ 25.719,97). Apesar de não ser verificada contribuição econômica significativa dos medicamentos orais, efeitos positivos para a segurança do paciente, não mensurados aqui, são possíveis. Estes advêm da redução dos erros de dose e vias de administração, dos riscos de contaminação microbiológica e da sobrecarga de trabalho, além da integração do farmacêutico à equipe multidisciplinar. Porém, avaliações econômicas mais complexas, que possibilitem a mensuração desses e de outros efeitos benéficos, são necessárias para auxiliar gestores e especialistas no processo de tomada de decisão.
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