Aspectos transgeracionais, estilos parentais e maternidade: uma intervenção em grupo para a educação parental
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v9i7.3805Palavras-chave:
Crianças; Educação em Saúde; Mães; Parentalidade; Saúde Materno Infantil.Resumo
Esse artigo objetivou relatar uma experiência de um grupo de mães, no qual se analisou os aspectos transgeracionais e sua relação com os Estilos de exercício da maternidade, bem como enfatizar a relevância de cada padrão de cuidado perante o desenvolvimento infantil de seus filhos. Trata-se de uma pesquisa qualitativa realizada no Laboratório de Práticas em Psicologia de uma Universidade privada localizada em uma cidade do interior do Rio Grande do Sul. O grupo foi formado por cinco cuidadoras de crianças de seis a oito anos. Os encontros seguiram sessões estruturadas, baseadas em técnicas cognitivo-comportamentais e de terapia do esquema, e ocorreram semanalmente com duração de uma hora, totalizando seis encontros. Foram utilizadas entrevistas semiestruturadas com as famílias, questionário de auto avaliação parental e auto monitoramento e um diário de campo produzido pelas pesquisadoras. Pode-se perceber, a partir da intervenção realizada, que as mães, em sua maioria, apresentaram aspectos de Estilo Autoritário no cuidado, estabelecendo normas e limites sem flexibilidade na parentalização e com pouca consideração aos sentimentos dos filhos. Concomitante a isso, relataram uma educação parental por parte de seus pais muito rígida e com pouca manifestação explícita de afeto. Outro Padrão Parental apresentado por algumas mães foi o Negligente, caracterizado por ter pouco tempo com o seu filho e não estabelecer regras para ele. Ainda, encontrou-se participantes com história de infância com alto nível de exigência e pouco afeto e agora esperam proporcionar a seus filhos uma realidade diferente da que viveram, sem limites claros e com muito afeto, caracterizado pelo Estilo Indulgente. Pode-se compreender que os Estilos Parentais estão diretamente relacionados à transgeracionalidade afetiva das cuidadoras. A intervenção possibilitou um espaço de trocas de experiências afetivas entre as cuidadoras e mostrou-se psicoeducativo para o desenvolvimento de comunicação não-violenta junto aos filhos.
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