Carnívoros de médio e grande porte em áreas sob manejo florestal de baixo impacto no arco do desmatamento, Cujubim, Rondônia
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i17.38937Palavras-chave:
Amazônia; Armadilhas fotográficas; Exploração madeireira; Mamíferos.Resumo
Neste trabalho objetivou-se realizar a estimativa de riqueza, abundância relativa e composição da fauna de carnívoros de médio e grande porte ocorrentes na fazenda Manoa, Cujubim/RO, e correlacionar à fase de regeneração florestal em áreas exploradas pela atividade do manejo sustentável de baixo impacto. Para a coleta de dados foi utilizado o método do armadilhamento fotográfico e o estudo ocorreu de setembro-dezembro de 2020 e de junho-setembro de 2021, em três áreas amostrais: Reserva Absoluta, considerada como área Controle; uma área explorada entre 2011-2012 (R10); e uma área explorada entre 2001-2003 (R20). Foi realizado um esforço de 2.606 armadilhas/dia, no qual foram obtidos 232 registros independentes e uma riqueza total de nove espécies de carnívoros de médio e grande porte distribuídas em quatro famílias. Do total de espécies registradas, seis dessas tiveram ocorrência compartilhada entre as três áreas amostrais do estudo, indicando uma alta similaridade na composição faunística. A abundância relativa total foi de 0,09 registros independentes/esforço amostral total e não diferiu significativamente entre as áreas. Os resultados obtidos indicam que o manejo florestal sustentável empregado na área da fazenda, à primeira vista, não impacta negativamente a comunidade de carnívoros de médio e grande porte, visto que a composição de espécies e a abundância foi similar entre as áreas amostrais. Além disso, a detecção de espécies raras e/ou vulneráveis, como Atelocynus microtis, Leopardus wiedii, Panthera onca e Puma concolor constitui um bom indicador de qualidade ambiental.
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