Ocorrência e significado da cumarina na cachaça armazenada em amburana
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v12i1.39667Palavras-chave:
Cumarina; Cachaça; Tonéis de amburana; Amburana cearensis.Resumo
A cumarina (1,2-benzopirona) é um composto fenólico de origem vegetal. Além de largo emprego na medicina humana, é também usada como agente de odor em alimentos, bebidas, cosméticos e perfumaria, e como componente bioativo em alimentos nutracêuticos. Contudo, devido ao risco de hepatotoxicidade e outros efeitos adversos em pessoas mais sensíveis, agências internacionais de saúde recomendam o limite de 0,1 mg/kg/dia para a ingestão diária. Seguindo uma tendência mundial, recentemente a legislação brasileira estabeleceu o limite 10 mg/kg para a cumarina em bebidas alcoólicas. Com objetivo investigar o nível de atendimento da cachaça armazenada em amburana ao limite estabelecido, analisou-se o teor de cumarina em doze cachaças comerciais, cujos rótulos informam o armazenamento em amburana. O resultado médio ficou acima do valor estabelecido, apontando a necessidade de monitoramento e controle. Dada a diversidade de madeiras brasileiras, evidenciou-se um sinal de alerta para que se armazene a cachaça exclusivamente em tonéis de espécies bem caracterizadas no âmbito da fração dos extrativos.
Referências
Abraham, K., Wöhrlin, F., Lindtner, O., Heinemeyer, G. & Lampen, A. (2010). Toxicology and risk assessment of coumarin: focus on human data. Mol. Nutr. Food Res., 54 (2), 228–239. 10.1002/MNFR.200900281
Brasil (2008). Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Instrução Normativa n° 5 de 11 de dezembro de 2008. Determina a publicação da "lista de medicamentos fitoterápicos de registro simplificado". Diário Oficial da União, Brasília.
Brasil (2014). Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Instrução Normativa n° 2 de 13 de maio de 2014. Publica a "Lista de medicamentos fitoterápicos de registro simplificado" e a "Lista de produtos tradicionais fitoterápicos de registro simplificado". Diário Oficial da União, Brasília.
Brasil (2022). Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC n° 225 de 1º de julho de 2022. Dispõe sobre os aditivos alimentares aromatizantes. Diário Oficial da União, Brasília.
Bairagi, S., Salaskar, P., Loke, S., Surve, N., Tandel, D. & Dusara, M. (2012). Medicinal significance of coumarins: a review. Int. J. Pharm. Research, 4 (2): 16-19.
Das, A. B., Goud, V. V. & Das, C. (2019). Phenolic compounds as functional ingredients. In: Value-added ingredients and enrichments of beverages. p. 285-323. https://doi.org/10.1016/B978-0-12-816687-1.00009-6
EC - European Commission (2008). European Parliament and Council Directive nº. 1334/2008. On flavourings and certain food ingredients with flavouring properties for use in and on food. Official J. Eur. Union: L354, 34–50.
Emami, S. & Dadashpour, S. (2015). Current developments of coumarin-based anti-cancer agents. Eur. J. Med. Chem., 102: 611-630. https://doi.org/10.1016/j.ejmech.2015.08.033
Franco, D. P., Pereira, T. M., Vitorio, F., Nadur, N. F., Lacerda, R. B. & Kümmerle, A. E. (2021). A importância das cumarinas para a química medicinal e o desenvolvimento de compostos bioativos nos últimos anos. Quim. Nova, 44 (2): 180-197. http://dx.doi.org/10.21577/0100-4042.20170654
Garg, S. S., Gupta J., Sharma S. & Sahu D. (2020). An insight into the therapeutic applications of coumarin compounds and their mechanisms of action. Eur. J. Pharm. Sci. https://doi.org/10.1016/j.ejps.2020.105424
Hassan, M. Z., Osman H., Ali, M. A. & Ahsan, M. J. (2016). Therapeutic potential of coumarins as antiviral agents, AC SC, Eur. J. Med. Chem., 123: 236 - 255. 10.1016/j.ejmech.2016.07.056
Heghes, S. C., Vostinaru, O., Mogosan, C., Miere, D., Iuga, C. A. & Filip, L. (2022). Safety profile of nutraceuticals rich in coumarins: an update. Oxid Med Cell Longev. Hindawi. 10.1155/2021/6492346
Kirsch, G., Abdelwahab, A. B. & Chaimbault, P. (2016). Natural and synthetic coumarins with effects on inflammation. Molecules, 21(10). 10.3390/molecules21101322.
Kostova, I. (2005). Synthetic and natural coumarins as cytotoxic agents. Curr. Med. Chem.-Anti-Cancer Agents, (1): 29 - 46. 10.2174/1568011053352550
Kowalczyk, P., Madej, A., Paprocki, D., Szymczak, M. & Ostaszewski R. (2020). Coumarin derivatives as new toxic compounds to selected K12, R1-R4 E. coli strains. Materials, 13 (11):2499. 10.3390/ma13112499
Lake, B. G. (1999). Coumarin metabolism, toxicity and carcinogenicity: relevance for human risk assessment. Food Chem. Toxicol.,37 (4): 423-453. https://doi.org/10.1016/S0278-6915(99)00010-1.
Lin, L.T., Hsu, W. C. & Lin, C. C. (2014). Antiviral natural products and herbal medicines. J. Tradit. Compl. Med. 4: 24–35.
Loncaric, M., Jakovljević, M., Šubarić, D., Pavlić, M., Buzjak Služek, V., Cindrić, I. & Molnar, M. (2020). Coumarins in food and methods of their determination. Foods, 9 (5): 645. 10.3390/foods9050645
Lorenzi, H. (2008). Árvores Brasileiras: Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. 5 ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.
Maia, A. B., Marinho, L. S., Nelson, D. L. (2020). Certification of amburana in the aging of cachaça. Res. Soc. Develop. (9):12. http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i12.10644
Maia, A. B., Carneiro, F. B., Tonidandel, L. O., Conceição, E, C, Machado, B. D. & Marinho, L. S. (2022). Parâmetros para certificação da madeira utilizada no armazenamento de cachaça. Res. Soc. Dev. https://doi.org/10.33448/rsd-v11i15.35793
Maia, G. N. (2012). Caatinga: árvores e arbustos e suas utilidades. 2 ed. Fortaleza, Printcolor Gr. Ed.
Matos, M. J., Santana, L., Uriarte, E., Abreu, O. A. Molina, E. & Yordi, E. G. (2015). Cumarinas — uma classe importante de fitoquímicos. 10.5772/59982
Mishra, S., Pandey, A. & Manvati, S. (2020). Coumarin: an emerging antiviral agent. Heliyon. https://doi.org/10.3389/fphar.2022.803338
Rad , J. S., Martins, N. C., Jornet, P. L., Lopez, E. P. F. Harun, N., Yeskaliyeva, B., Beyatli, A., Sytar, O., Shaheen,S., Sharopov, F., Taheri, Y., Docea, A .O., Calina, D. & Cho, W. C. (2021). Natural Coumarins: exploring the pharmacological complexity and underlying molecular mechanisms. Oxid. Med. Cell Longev., 23: 6492346. 10.1155/2021/6492346.
Ruwizhi,N. & Aderibigbe, B. A. (2020). Cinnamic acid derivatives and their biological efficacy. Int. J. Mol. Sci.,21: 5712. 10.3390/ijms21165712
Santiago, W. D., Cardoso, M. G. & Nelson, D. L. (1999). Cachaça stored in casks of oak, amburana, jatoba, balsam and peroba: alcohol content, phenolic composition, colour intensity and dry extract. J. Inst. Brew., 123: 232-241. 10.1002/jib.414
SCF (1999). Scientific Committee on Food. Opinion on coumarin. p. 13-20. http://www.europa.eu.int/comm/dg24/health/sc/scf/index_em.html
SCF (2004). Opinion of the Scientific Panel on Food Additives, flavourings, processing aids and materials in contact with food (AFC) related to coumarin. EFSA J., 104: 1-36. 10.2903/J.EFSA.2004.104
SCF (2008). Coumarin in flavourings and other food ingredients with flavouring properties. Scientific opinion of the panel on food additives, flavourings, processing aids and materials in contact with food. EFSA J., 793: 1-15. https://doi.org/10.2903/j.efsa.2008.793
Seleme, E.P. (2020). Amburana. In: Flora do Brasil (2020). Jardim Botânico do Rio de Janeiro. http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB22781
Stefanachi, A., Leonetti, F., Pisani, L., Catto, M. & Carotti A. (2018). Coumarin: a natural, privileged and versatile scaffold for bioactive compounds. Molecules, 23(2): 250. 10.3390/molecules23020250.
Thomas, V., Giles D., Basavarajaswamy G., Das, A. & Patel, A. (2017). Coumarin derivatives as anti-inflammatory and anticancer agents. Anti-Cancer Agents Med. Chem., 17(3):415–423. 10.2174/1871520616666160902094739.
Tomasset, U.L. & Mazza, G. (1980). Coumarin determination in flavoured alcoholic beverages. Riv. Viticolt. Enol., 33(5): 247-251.
Venugopala, K. N., Rashmi,V. & Odhav, B. (2013). Review on natural coumarin lead compounds for their pharmacological activity. BioMed Res. Int., Article ID 963248. 10.1155/2013/963248.
Winstel, D., Gautier, E. & Marchal, A. (2020). Role of oak coumarins in the taste of wines and spirits: identification, quantitation and sensory contribution through perceptive interactions. J. Agric. Food. Chem. 10.1021/acs.jafc.0c02619.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Amazile Biagioni Maia; Frederico Marx Brom Carneiro; Lucas Oliveira Tonidandel; Elaine Cristina da Conceição; Bárbara Dias Machado; Lorena Simão Marinho
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.