Avaliação da disfunção do sistema renal relacionado ao HIV
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v12i3.40563Palavras-chave:
HIV; Doença renal; Comorbidade.Resumo
Pacientes com infecção pelo HIV podem ter diferentes causas e manifestações para doenças renais, desde proteinúria subclínica a insuficiência renal aguda. Podendo ser causado tanto pelo efeito direto do HIV nos rins como pelo efeito nefrotóxico das medicações antirretrovirais. O objetivo deste estudo é avaliar a disfunção renal e relacionar com a taxa de filtração glomerular (TFG) de pacientes acompanhados em ambulatório de referência para pacientes vivendo com HIV/Aids (PVHA). Este é um estudo transversal, retrospectivo, não intervencionista, realizado por meio de revisão de prontuários de pacientes atendidos no período de 2017 a 2020, no ambulatório de HIV de hospital quaternário de referência em Fortaleza, Ceará, Brasil. Os resultados avaliaram 77 pacientes, com faixa etária entre 32 e 77 anos, sendo 63,6% do gênero masculino e 35,1% do gênero feminino, além de 1,3% do gênero transexual (N=1). Foram analisadas 113 aferições de marcadores de função renal e correlacionadas com o cálculo de taxa de filtração glomerular (TFG) através da idade e do valor de creatinina pela equação MDRD GFR, com 32,7% (N=37) com TFG normal. O MDRD médio foi de 81,7 mL/min/1,73m2, relação proteína/creatinúria média 0,16 (N=69) e beta2microglobulina média de 2,4 ng/ml, sendo 60,5% das dosagens alteradas (>2). Comorbidades mais frequentes: Diabetes mellitus (27,3%), HAS (22%), Dislipidemia (28,6%) e doença renal 14,3%). O uso do esquema preferencial, tenofovir, lamivudina e dolutegravir era utilizado por 33% dos pacientes; 5,4% seguiam em esquema simplificado com lamivudina e dolutegravir. Carga viral detectável encontrada em 9,8% dos registros. Concluímos que pacientes há uma alta prevalência de doença renal em PVHA que se correlacionam com presença de comorbidades e alterações tubulares.
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