Produção de surfactina utilizando extrato aquoso da casca de papaya como substrato e sua aplicação para adsorção de ferro
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v9i7.4077Palavras-chave:
Bacillus subtilis; Biossurfactante; Adsorção; FerroResumo
A presença de metais em efluentes industriais tornou-se um grande problema ambiental, uma vez que esses resíduos são frequentemente descartados em lagos ou rios. Com o objetivo de recuperar áreas contaminadas, a remediação por lavagem com biossurfactantes aparece como uma alternativa que apresenta baixa toxicidade para o meio ambiente. O presente trabalho objetivou avaliar a eficiência na remoção do ferro em um efluente sintético, utilizando um biossurfactante produzido em um biorreator (37°C, 200 rpm, 0.5 vvm), a partir do extrato aquoso da casca de mamão e da cepa Bacillus subtilis UFPEDA 86. Os ensaios fermentativos mostraram que esse Bacillus é um bom produtor de biossurfactante e que o extrato da casca de mamão é um substrato viável para a produção de biossurfactante por esta cepa. Dentre os resultados encontrados, em 24 horas de cultivo, obteve-se a maior concentração de biomassa e produto, de 2,17 ± 0,04 g.L-1 e 2,88 ± 0,01 g.L-1, respectivamente. O biossurfactante produzido apresentou Concentração Micelar Crítica (CMC) de 20 mg.L-1. Ensaios em batelada foram utilizados para obtenção dos dados de remoção, nos quais uma série de soluções em diferentes concentrações de íons de ferro foram expostas a diferentes quantidades de biossurfactante, bruto e purificado, a uma temperatura de 25 ° C, sob agitação (200 rpm) e pH ~ 6,3. Foi realizado um planejamento experimental multivariado, na presença de biossurfactante bruto e purificado, onde os resultados mostraram que as interações entre as variáveis independentes (concentração dos íons de ferro, concentração de biossurfactante e o tempo de tratamento) foram significantes para ambos. As porcentagens de remoção do ferro variaram entre 47,2 e 95,82%, na presença do bissurfactante bruto e de 37,01 a 91,94% na presença do biossurfactante purificado. O modelo de adsorção de Langmuir foi o melhor ajustado, sendo a capacidade máxima de adsorção estimada em 10 mg.g-1.
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