A memória social da escravidão: onde se encaixa o Laurentino Gomes?
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v12i4.41274Palavras-chave:
Laurentino Gomes; Memória social; Escravidão; Lugar social.Resumo
O presente artigo pretende problematizar o lugar social de Laurentino Gomes no âmbito da memória social da escravidão. Cruzaremos as análises do livro Escravidão: Do primeiro leilão de cativos em Portugal até a morte de Zumbi dos O Palmares (2019), publicado pela editora Globo Livros com a historiografia social recente da escravidão. O livro de Gomes (2019) foi o primeiro de uma trilogia sobre o tema da escravidão. Consideramos também a vendagem da última trilogia do autor que versou sobre a história política imperial brasileira, na qual observamos um grande interesse do público por sua escrita. Para problematizarmos o lugar que Gomes ocupa na sociedade brasileira, e de onde ele fala sobre a escravidão, partimos do questionamento da Djamila Ribeiro (2019): “Dentro desse projeto de colonização, quem foram os sujeitos autorizados a falar?”. Entendemos que Gomes como um homem branco que ocupa um lugar de poder na escrita jornalística e editorial brasileira, possui autoridade discursiva e a utiliza para a vendagem dos seus livros. A partir de uma revisão historiográfica, análise de entrevistas e de posicionamentos de Gomes nas redes digitais, debateremos o lugar social do autor e como sua narrativa hegemônica disputa a construção de uma memória social da escravidão. Para analisarmos a memória social da escravidão utilizaremos os conceitos de Ricoeur (2007) de “dever de memória”, e de “dever de justiça”.
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