Doença de Chagas no Nordeste brasileiro: compreendendo as condições de saúde e vida em uma população com risco histórico de transmissão na zona rural
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v12i6.42199Palavras-chave:
Doença de Chagas; Estudos soroepidemiológicos; Fatores de risco; Sinais e sintomas.Resumo
A doença de Chagas (DC) é considerada uma doença negligenciada pela Organização Mundial da Saúde e requer prioridade das autoridades sanitárias do continente americano. No Brasil, poucos dados estão disponíveis para avaliar a real situação das áreas endêmicas para DC, principalmente na região Nordeste. Assim, o objetivo do estudo foi avaliar as condições de vida, aspectos clínicos e prevalência da infecção em habitantes de áreas rurais endêmicas para DC. O sangue foi coletado e submetido a ELISA diagnóstico e técnicas de imunofluorescência indireta. Foi aplicado um questionário com informações sociodemográficas e conhecimentos relacionados à DC, avaliação clínica geral e avaliação da deglutição. Foram identificados 24 (7,04%) indivíduos soropositivos, dos quais 83,3% eram mulheres com a maioria na faixa etária de 30 a 60 anos. A maioria da população tem baixo nível de escolaridade. Em relação às variáveis de risco para DC, observou-se associação entre presença de barbeiros (OR 9,8) e contato/manipulação (OR 20,2), transfusão (OR 10,6) e consumo de caldo de cana (OR 5,1). Foi possível detectar alterações na deglutição. O presente estudo revelou a existência de uma população soropositiva para DC sem acompanhamento de sua condição de saúde. Além disso, alguns desses pacientes apresentam alterações na deglutição que podem estar relacionadas à fase crônica. Embora não tenham sido identificadas crianças infectadas, a área pode ser considerada de risco devido às condições ambientais e socioeconômicas de sua população e à presença de vetores infectados previamente encontrados na área.
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