Pesquisa de adulteração e identificação da micoflora de amostras de mel comercializadas na região metropolitana de Belo Horizonte, Brasil

Autores

  • Raíssa de Assis Carvalho Federal Rural University of Rio de Janeiro https://orcid.org/0000-0001-9999-1972
  • Ana Carolina Ribeiro Federal University of São João Del-Rei
  • Clara Mariana Lima Federal University of Santa Catarina
  • Wallace Pereira da Silva Mariz Federal University of São João Del-Rei
  • Luana Sousa Silva Federal University of São João Del-Rei
  • Andréia Marçal da Silva Federal University of São João Del-Rei
  • Douglas Roberto Guimarães Federal University of São João Del-Rei
  • Felipe Machado Trombete Federal University of São João Del-Rei

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v9i7.4246

Palavras-chave:

Apis melífera; 5-hidroximetilfurfural; Fungos filamentosos; Teste de Lugol; Matérias estranhas; Sujidades.

Resumo

O mel para consumo humano deve ser processado em condições satisfatórias de Boas Práticas de Fabricação e não deve conter matérias estranhas ou contaminação microbiológica. No entanto, vários estudos mostraram que uma alta porcentagem de amostras de mel de diferentes regiões do Brasil não está adequada em termos de segurança do alimento. Nesse sentido, este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade microbiológica, microscópica e físico-química de amostras de mel não inspecionadas na região metropolitana de Belo Horizonte, Brasil. Foram coletadas 30 amostras de mel (n = 30) e analisados coliformes totais, fungos totais, matérias estranhas e sujidades, teor de umidade, Aw, pH, acidez total titulável, teste de Lugol e 5-hidroximetilfurfural (5-HMF). Os fungos filamentosos também foram isolados e identificados ao nível de gênero. Pelo de roedor e formiga foram encontrados nas amostras, indicando risco à saúde dos consumidores. Os dados obtidos demonstraram que 56,7% das amostras estavam adulteradas. Todas as amostras positivas no teste de Lugol também apresentaram grânulos de amido na avaliação microscópica, sugerindo adulteração pela adição de cana de açúcar ou xarope de amido de milho. Nenhuma amostra mostrou a presença de coliformes e a contagem total de fungos foi considerada baixa. Cladosporium spp., Penicillium spp. e Aspergillus spp. foram os principais gêneros de fungos filamentosos isolados. Foram encontrados altos valores de 5-HMF, principalmente nas amostras adulteradas. Os dados obtidos serão comunicados às autoridades competentes, uma vez que tais produtos de composição desconhecida estão sendo comercializados, oferecendo riscos à saúde dos consumidores.

Biografia do Autor

Clara Mariana Lima, Federal University of Santa Catarina

Possui graduação em Engenharia de Alimentos pelo Instituto Federal do Norte de Minas Gerais - IFNMG (2016) e mestrado em Ciência dos Alimentos pela Universidade Federal de Lavras - UFLA (2019). Realiza doutoramento em Ciência dos Alimentos pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Constitui membro efetivo da Sociedade Brasileira de Toxicologia - SBTox, membro convidado da Hispanic Organization of Toxicologists - HOT/Society of Toxicology - SOT e integra a Rede de Pesquisadores - RdP. Compôs o Conselho Consultivo de Ações de Popularização da Ciência (2018/2019) e o Comité Científico Internacional das Jornadas Chilenas de Salud Pública (2019/2020). Desenvolveu itens em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF (2018) e prestou serviços de consultoria industrial (2018).

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Publicado

21/05/2020

Como Citar

CARVALHO, R. de A.; RIBEIRO, A. C.; LIMA, C. M.; MARIZ, W. P. da S.; SILVA, L. S.; SILVA, A. M. da; GUIMARÃES, D. R.; TROMBETE, F. M. Pesquisa de adulteração e identificação da micoflora de amostras de mel comercializadas na região metropolitana de Belo Horizonte, Brasil. Research, Society and Development, [S. l.], v. 9, n. 7, p. e440974246, 2020. DOI: 10.33448/rsd-v9i7.4246. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/4246. Acesso em: 2 jul. 2024.

Edição

Seção

Ciências Agrárias e Biológicas