A medicalização social e o uso do metilfenidato no aprimoramento cognitivo farmacológico
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v9i7.4301Palavras-chave:
Educação; Medicalização; Metilfenidato; Aprimoramento cognitivo farmacológico; Melhoramento cognitivo.Resumo
O uso de medicamentos, por pessoas saudáveis, para melhorar o funcionamento do cérebro e aprimorar o desempenho cognitivo pode ser chamado de aprimoramento cognitivo farmacológico ou de doping intelectual. Um dos medicamentos mais utilizados no Brasil com esta finalidade é o Cloridrato de Metilfenidato, comercializado com o nome de Ritalina ou Concerta. O presente artigo objetivou compreender, por meio de uma revisão de literatura, como o cloridrato metilfenidato tem sido utilizado no aprimoramento cognitivo farmacológico e a relação deste fenômeno com a medicalização social. Sabe-se que estes medicamentos tem como efeito imediato o aumento da concentração, mas a longo prazo podem causar supressão do crescimento, aumento da pressão sanguínea, episódios psicóticos, entre outros. Ainda assim, eles tem sido utilizados por estudantes universitários com a finalidade de aumentar sua capacidade produtiva e cumprir prazos e metas. Como esta prática tem ganhado cada vez mais adeptos e o acesso a este medicamento é facilitado, é necessário aprofundar o entendimento deste fenômeno.
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