Aspectos clínicos e medidas de desfecho em pacientes classificados como sepse possível no departamento de emergência de um hospital terciário brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v12i10.43605Palavras-chave:
Triagem; Sepse; Enfermagem; Serviço hospitalar de emergência; Infecção; Medidas de desfecho.Resumo
Objetivo: Descrever as características clínicas e o desfecho de pacientes classificados como sepse possível no departamento de emergência de um hospital terciário brasileiro. Método: estudo retrospectivo, envolvendo pacientes admitidos em um serviço de emergência com dados secundários e que incluiu 468 pacientes classificados com discriminador “Sepse possível” no ano de 2018. A análise foi realizada com o uso de estatística descritiva. A comparação do desfecho com o perfil demográfico, perfil clínico, disfunções orgânicas e protocolo de manejo foi realizada aplicando-se o teste do Qui- quadrado de Pearson. Resultados: Ocorreram 316 hospitalizações de pacientes classificados através do Sistema Manchester de Classificação de Risco como sepse possível. Destes, 11,1% foram transferidos para unidade de terapia intensiva, 56,4% para unidade de internação hospitalar e 3% vieram a óbito no departamento de emergência. A suspeita inicial de sepse levantada pelo discriminador sepse possível do Sistema Manchester de Classificação de Risco foi bastante sensível e determinou o início precoce das medidas de manejo inicial da sepse. Nos pacientes analisados, 16% apresentavam risco elevado para desenvolver disfunção orgânica (qSOFA> 2). Além disso, constatamos algumas dificuldades dos profissionais em implementar as intervenções do Bundle da primeira hora no atendimento à sepse. Conclusão: Fica evidente a necessidade do reconhecimento precoce, mas também do tratamento da sepse como prioritário nos serviços de saúde. Ferramentas como o qSOFA podem ser associadas na triagem aos protocolos já executados, qualificando a identificação e tratamento precoce da sepse.
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