Introdução alimentar de glúten e caseína e risco para Transtorno do Espectro Autista
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v13i1.44758Palavras-chave:
Transtorno do Espectro Autista; Alimentação complementar; Crianças; Glutens; Caseína.Resumo
Objetivo: Associar o período de introdução alimentar do glúten e da caseína com o risco para o Transtorno do Espectro Austista (TEA). Metodologia: Estudo de coorte retrospectivo que investigou a exposição da criança ao consumo de alimentos fontes de glúten e caseína na alimentação complementar, e o risco para TEA entre 16 e 30 meses de idade. O questionário M-CHAT-R foi utilizado para avaliar risco de TEA. A associação foi avaliada utilizando-se o teste de qui-quadrado. A correlação de Pearson foi utilizar para correlacionar o mês de introdução do glúten e da caseína com a pontuação no M-CHAT-R. Resultado: Participaram 20 pares de mãe-filho, com predominância do sexo masculino (80%) entre as crianças. Duas crianças (10%) iniciaram a ingestão de glúten ou caseína antes de seis meses de idade. Nenhuma criança apresentou risco moderado ou alto de autismo de acordo com o instrumento M-CHAT-R. Não houve associação entre o mês de introdução do glúten e da caseína com o risco para desenvolvimento do TEA. Também não houve correlação entre o mês de introdução do glúten (r = -0,213 , p = 0,367) ou da caseína (r = -0,117 , p = 0,625) com a pontuação total no M-CHAT-R, porém, parece haver uma tendência indicando que a introdução precoce está correlacionada à maior pontuação no instrumento, ou seja, risco de TEA. Conclusão: O período de introdução alimentar do glúten e da caseína na alimentação complementar de lactentes não está associado ao risco de desenvolvimento de TEA em crianças de 16 a 30 meses de idade.
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