Efeitos adversos decorrentes do tratamento poliquimioterápico da tuberculose em pacientes com e sem HIV: Uma revisão integrativa
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v13i3.45272Palavras-chave:
Tuberculose; Coinfecção pelo HIV; Vírus da imunodeficiência humana; Poliquimioterapia.Resumo
A tuberculose (TB) é uma patologia infecciosa bacteriana cujo tratamento básico é disponibilizado de maneira gratuita no Sistema Único de Saúde (SUS) e utiliza quatro medicamentos: rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol. Adicionalmente, a infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) aumenta a chance de desenvolver TB; nesse contexto, a combinação de medicamentos juntamente com a sobreposição de efeitos colaterais pode exercer impacto na qualidade de vida e na aderência ao tratamento. Dessa forma, esta revisão integrativa objetivou comparar os efeitos adversos associados ao tratamento da tuberculose em pacientes com coinfecção por HIV e pacientes sem HIV, sendo um estudo observacional, transversal e retrospectivo, com dados de estudos publicados entre 2018 a 2023, utilizando os termos (DeCS/MeSH): “Drug-Related Side Effects and Adverse Reactions”; “Tuberculosis”; “HIV”. Após a realização da busca, 16 trabalhos foram selecionados. Percebeu-se que, em maioria, os efeitos adversos são leves, sendo que distúrbios gastrointestinais como náuseas, vômitos e dor foram os mais prevalentes. Em relação aos graves, destacou-se a hepatotoxicidade. Em pacientes com coinfecção TB HIV as alterações hepáticas eram as mais comuns, sendo o grupo mais suscetível a desenvolvimento de níveis tóxicos. Portanto, a abordagem do tratamento da tuberculose não deve se limitar apenas à eficácia do esquema terapêutico, também necessita de cuidados especiais aos efeitos adversos e fatores individuais, principalmente em pacientes coinfectados com HIV, visando manter o equilíbrio entre qualidade de vida e o sucesso no combate à doença.
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