Um ensaio breve acerca da evitação ao controle aversivo e acerca das conotações ruins relacionadas ao seu uso
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v13i6.46006Palavras-chave:
Ética; Experimentação; Controle aversivo; Behaviorismo.Resumo
Um estímulo aversivo pode ser definido como aquele que a emissão de uma resposta que promove sua remoção, prevenção ou adiamento é fortalecida ou quando sua apresentação diminui a probabilidade de emissão de uma determinada resposta. Intervenções comportamentais que empregam essas manipulações são amplamente questionadas e, por vezes, classificadas como algo ruim. A conotação de “ruim” para o controle aversivo decorre dos possíveis malefícios para o indivíduo ou para a sociedade, entretanto, tais malefícios podem não ocorrer ou também podem ser identificados no reforçamento positivo. Portanto, o presente manuscrito consiste em um ensaio de natureza reflexiva que discute sobre o conceito de controle aversivo e sua definição funcional com base na experimentação e seu uso ético na prática do analista do comportamento. Entende-se que o uso do controle aversivo, bem como o uso do reforçamento positivo, deve estar pautado sempre em uma avaliação cuidadosa por parte do analista do comportamento e essa avaliação deve ter bases na experimentação.
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