O saber docente em tempos de ascensão do neoconservadorismo: como professores abordam gênero e sexualidade nas aulas de Ciências
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v9i8.5429Palavras-chave:
Ensino de Ciências; Formação de professores; Gênero; Sexualidade.Resumo
Sabemos que, mesmo com surgimento de movimentos neoconservadores que vão contra a abordagem das relações de gênero e sexualidade na escola, há professores que resistem a essa onda retrógrada e trabalham com o tema. Deste modo, buscamos três professores de ciências que já abordavam esses temas nas aulas, através de uma rede social. Uma entrevista individual e presencial, com um roteiro de perguntas foi realizada, áudio gravada e transcrita. Nosso objetivo foi responder como os professores de ciências entrevistados abordam o tema das relações de gênero e sexualidade na sala de aula. Realizamos uma pesquisa qualitativa, mais precisamente um estudo de caso. A análise desse estudo se deu através do método de Análise Textual Discursiva e indicaram que os docentes buscam relacionar o conteúdo de ciências com gênero, sexualidade e com o contexto social dos alunos. Percebemos que não há como silenciar debates acerca dessa temática, pois muitos dos questionamentos partem da curiosidade dos próprios alunos. Entendemos, portanto, que é necessário trabalhar conteúdos de ciências que contemplem uma perspectiva de respeito à diversidade e ao combate às desigualdades e que estejam aliados aos interesses dos alunos. Destacamos também que, segundo os sujeitos dessa pesquisa, a família, a escola e os próprios professores podem expressar resistência aos debates. Compreendemos que a falta de informação dos professores sobre gênero e sexualidade pode ser um obstáculo para a realização de práticas docentes acerca dos temas. Portanto, destaca-se a necessidade de cursos de formação continuada em gênero e diversidade e de materiais de apoio referentes aos temas.
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