Trabalho docente na Educação Básica: subsunção ao capital
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v9i8.5468Palavras-chave:
Trabalho docente; Professores da Educação Básica; Capitalismo; Ensino.Resumo
São constatáveis, no trabalho docente, significativos índices de afastamento por adoecimento e sua desvalorização social, o que culmina na baixa atratividade desta profissão. Compreende-se que, para o enfrentamento deste processo, é imprescindível apreender as suas causas. Este artigo, por intermédio de pesquisa qualitativa e bibliográfica, objetiva analisar os fundamentos socioeconômicos que determinam a atual condição do trabalho docente na Educação Básica. Conclui-se que o desmonte das políticas sociais aprofunda-se e viabiliza a expansão da privatização do setor educacional, bem como a intensificação e a proletarização do trabalho docente, revelando a subsunção da educação e do trabalho às demandas do capital. Pretende-se assim assegurar a lucratividade, em um mercado cada vez mais competitivo e sujeito a crises periódicas, cujo resultado tem sido a corrosão dos direitos dos trabalhadores. Reverter este cenário implica a luta pela superação da atual lógica societal, em que ambos se reduzem a mercadorias subordinadas às exigências de valorização do valor.
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