Porque temas transversais não significam transversalidade (ou transdisciplinaridade)?
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v9i9.6677Palavras-chave:
Temas transversais; Transdisciplinaridade; Transversalidade; Interdisciplinaridade; Ensino-aprendizagem.Resumo
Em 1997, o Ministério da Educação implantou os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para escola básica. Entre os documentos publicados, sobressaiu uma novidade: os Temas Transversais. O objetivo era promover, de forma transversal, a discussão de questões importantes, urgentes e presentes sob várias formas na realidade do país. Para tanto, foram propostos os temas ‘Ética’, ‘Trabalho e consumo’, ‘Orientação sexual’, ‘Saúde’, ‘Meio Ambiente’ e ‘Pluralidade cultural’. Alguns destes receberam ampla aceitação e caminharam, ganhando espaço nas salas de aula e em projetos educacionais. Contudo, no cotidiano escolar, os temas transversais não são trabalhados transdisciplinarmente como o prefixo – trans - parece sugerir, pois esta abordagem nos remete a uma forma não-disciplinar de aprendizagem. Este estudo de natureza qualitativa, realizado a partir da revisão de literatura narrativa, tem como objetivo contribuir para a discussão da interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade, vislumbrando a aplicação de temas transversais em sala de aula para práticas mais significativas de ensino, considerando a necessidade de formar indivíduos capazes de refletir sobre os desafios colocados pela contemporaneidade. A apropriação mais aprofundada da transdisciplinaridade implicaria, entretanto, na revisão dos currículos, suas compartimentalizações e hierarquias. Não obstante, o trabalho com temas transversais, no campo da interdisciplinaridade, seja através daqueles sugeridos pelos PCN ou outros escolhidos conforme sua pertinência, pode conduzir o trabalho docente a práticas mais reflexivas, por um lado, uma vez que se tratam de temas vividos intensamente pela comunidade escolar, e tornar o aluno condutor do seu processo de construção do conhecimento, por outro.
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