A psicodinâmica do trabalho como lente teórica para o estudo do gerencialismo flexível

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v9i9.6786

Palavras-chave:

Psicodinâmica do trabalho; Gerencialismo; Flexibilidade.

Resumo

O artigo tem como objetivo propor um modelo teórico-analítico para o estudo do trabalho sob a lógica do gerencialismo à luz da Psicodinâmica do Trabalho (PDT). A proposta baseia-se nas recentes mudanças na lógica de produção, no mundo do trabalho e, consequentemente, no tecido social, que indicam um cenário caracterizado pela flexibilidade, individualismo e hiperatividade. Sugere a PDT por ser uma corrente teórica capaz de examinar o objeto estudado do prisma tanto das dimensões de contexto (condições do trabalho, organização do trabalho e relações de trabalho) como de conteúdo (carga psíquica, construção da identidade etc), próprias da relação homem-trabalho, que moldam as vivências (medo, prazer-sofrimento) podendo interferir no estado (saúde-adoecimento) dos sujeitos. Quanto ao método, o modelo apresenta, como proposta qualitativa, a utilização da entrevista como coleta de dados, da Análise dos Núcleos de Sentido (ANS) como técnica interpretativa. Ademais, apresenta em termos quantitativos, como técnica de coleta de dados, o Inventário sobre Trabalho e Riscos de Adoecimento (ITRA), a partir das escalas que avaliam as dimensões relativas ao trabalho. A metodologia utilizada na confecção deste trabalho foi do tipo revisão bibliográfica, com categorização da literatura utilizando a técnica da análise temática.  Como resultado, o trabalho deu origem a um framework metodológico, que pode ser utilizado como metodologia em pesquisas futuras.

Referências

Aktouf, O. (1966). A administração entre a tradição e a renovação. São Paulo, Atlas.

Alderson, M. (2004). La psychodynamique du travail: objet, considérations épistémologiques, concepts et prémisses théoriques. Santé mentale au Québec, 29(1),

Aquino, C. A. B., & de Oliveira Martins, J. C. (2007). Ócio, lazer e tempo livre na sociedade do consumo e do trabalho. Revista Subjetividades, 7(2), 479-500.

Aubert, N. (1993). A neurose profissional. Revista de Administração de Empresas, 33(1), 84-105.

Aubert, N., De Gaulejac, V., Vindras S., & Laboratoire de changement social (Paris). (1991). Le coüt de l'excellence. Mission interministérielle de recherche expérimentale

Bardin, L.(2011). Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70.

Bauer, M. W. (2002). Análise de conteúdo clássica: uma revisão. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático, 3, 189-217.

Baumann, Z. (2001). Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

Bernardo, M. H. (2009). Trabalho duro, discurso flexível: uma análise das contradições do toyotismo a partir da vivência de trabalhadores. Editora Expressão Popular.

Boltanski, L., & Chiapello, È. (2009). O espírito do capitalismo e o papel da crítica. O novo espírito do capitalismo. São Paulo: Martins Fontes.

Bottega, C. G., Perez, K. V., & Merlo, A. R. C. (2015). Violência e banalização do sofrimento no trabalho. Trabalho & Prazer: Teoria, pesquisas e práticas, 117-133.

Boudon, R., & Bourricaud, F. (2002). Dicionário crítico de Sociologia. São Paulo: Ática.

Bueno, M., & Macêdo, K. B. (2012). A Clínica psicodinâmica do trabalho: de Dejours às pesquisas brasileiras. ECOS-Estudos Contemporâneos da Subjetividade, 2(2), 306-318.

Chandler, A. D., & McCraw, T. K. (1998). Alfred Chandler: ensaios para uma teoria histórica da grande empresa. Fundação Getúlio Vargas.

Chanlat, J. F. (1999). Ciências sociais e management: reconciliando o econômico e o social. São Paulo: Atlas, 100.

Chiavegato Filho, L. G. & Navarro, V. L. (2014). A ideologia gerencialista no Sistema Único de Saúde (SUS): a organização do trabalho de médicos. Psicologia em Revista, 20(1), 96-115.

Davezies, P. (1993). Eléments de psychodynamique du travail. Éducation permanente, 116(3), 33-46.

de Sousa, J. C., & Dos Santos, A. C. B. (2017). A psicodinâmica do trabalho nas fases do capitalismo: análise comparativa do taylorismo-fordismo e do toyotismo nos contextos do capitalismo burocrático e do capitalismo flexível. Revista Ciências Administrativas, 23(1), 186-216.

Dejours, C. (1993). Inteligência operária e organização do trabalho: a propósito do modelo japonês de produção. Sobre o modelo japonês, 281-309.

Dejours, C. (1996). Uma nova visão do sofrimento humano nas organizações. O indivíduo na organização: dimensões esquecidas, 1, 149-174.

Dejours, C. (2005). O fator humano. (5a ed.), Rio de Janeiro: Editora FGV.

Dejours, C. (2011). Psicopatologia do Trabalho – Psicodinâmica do Trabalho. Laboreal, Porto, 7(1), 13-16.

Dejours, C. (2012). Trabalho vivo: sexualidade e trabalho. Brasília: Paralelo, 15, 440.

Dejours, C. (2014). Work and self-development: the point of view of the psychodynamics of work. Critical Horizons, 15(2), 115-130.

Dejours, C. (2015). A loucura do trabalho: Estudo de psicopatologia do trabalho. São Paulo, SP: Cortez.

Dejours, C., & Cardoso, M. R. (2001). Christophe Dejours: entrevista. Agora, 4(2), 89-94.

Dejours, C., Abdoucheli, E., Jayet, C., & Betiol, M. I. S. (1994). Psicodinâmica do trabalho: contribuições da escola dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento e trabalho, 45-65. São Paulo: Atlas.

do Amaral, V. L. (2007). A dinâmica dos grupos e o processo grupal.

dos Santos, G. B. (2006). As estratégias de fuga e enfrentamento frente as adversidades do trabalho docente. Estudos e pesquisas em Psicologia, 6(1), 128-133.

Foucault, M. (2014). Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão. Petrópolis: Editora Vozes.

Freitas, M. E. D. (2008). Entrevista com Jean François Chanlat. GV Executivo, 7(1), 62-69.

Freud, S. (2011). Freud (1920-1923) - Obras completas volume 15: Psicologia das massas e análise do Eu e outros textos (Vol. 15). Editora Companhia das Letras.

Gaulejac, V. (2015). Gestão como doença social: ideologia, poder gerencialista e fragmentação social. Tradução: Ivo Storniolo. Aparecida, SP: Ideias & Letras.

Gurgel, C. (2003). A gerência do pensamento: gestão contemporânea e consciência neoliberal. Cortez.

Han, B. (2017). Sociedade do cansaço. Tradução: Giachini, Enio Paulo. 2. Petrópolis: Vozes.

Han, B. (2018a). Sociedade da transparência. Tradução: Giachini, Enio Paulo. Petrópolis: Vozes.

Han, B. (2018b). Psicopolítica - O neoliberalismo e as novas técnicas de poder. Tradução: Maurício Liesen. Belo Horizonte: Âyiné.

Houaiss, A. (2001). Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa. Ed. Objetiva.

Klikauer, T. (2013). Managerialism: A critique of an ideology. Springer.

Klikauer, T. (2015). What is managerialism? Critical Sociology, 41(7-8), 1103-1119.

Klikauer, T. (2019). A preliminary theory of managerialism as an ideology. The Theory of Social Behaviour, 49(3), 1-22.

Lancman, S., & Uchida, S. (2003). Trabalho e subjetividade: o olhar da Psicodinâmica do Trabalho. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 6, 79-90.

Lima, F. P. A. (2000). A transcendência do valor: flexibilidade, focalização, terceirização e a relação capital-trabalho. Anais do ENEGEP 2000. São Paulo.

Mariscal, V. (2016). Christophe Dejours, Situations du travail. La Nouvelle Revue du Travail, 2.

Mendes, A. M. (2007). Da psicodinâmica à psicopatologia do trabalho. In A. M. Mendes (Ed.), Psicodinâmica do trabalho: Teoria, método e pesquisas. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo. 23-48.

Mendes, A. M. (2007). Pesquisa em psicodinâmica: a clínica do trabalho. In A. M. Mendes (Ed.), Psicodinâmica do trabalho: Teoria, método e pesquisas. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo. 67-85.

Mendes, A. M., & Facas, E. P. (2011). Subjetividade e trabalho com automação. In R. D. de. Moraes & A. C. L. Vasconcelos (Eds.), Subjetividade e trabalho com automação: Estudo piloto no polo industrial de Manaus, 18-37. Manaus, AM: Editora da Universidade Federal do Amazonas.

Mendes, M. M., & Ferreira, M. C. (2007). Inventário sobre trabalho e riscos de adoecimento - ITRA: instrumento auxiliar de diagnóstico de indicadores críticos no trabalho. In: Mendes, M. M. (Org). Psicodinâmica do trabalho: Teoria, método e pesquisas. São Paulo: Casa do Psicólogo. 111-25.

Merlo, A. R. C. (2014). Saúde mental no trabalho e os atuais modelos de gestão. I Encontro de Desenvolvimento dos Servidores da UFPEL. Pelotas. Recuperado de https://wp.ufpel.edu.br/encontroservidores/files/2014/12/Saúde-Mental-no-Trabalho-e-os-Atuais-Modelos-de-Gestão-Álvaro-Merlo.pdf>.

Miguel, F. A Entrevista como Instrumento para Investigação em Pesquisas Qualitativas no Campo da Linguística Aplicada. Revista Odisseia, (5). Miguel, F. V. C. (2010). A entrevista como instrumento para investigação em pesquisas qualitativas no campo da linguística aplicada. Revista odisseia.

Minayo, M. C. S. (2007) O desafio do conhecimento. (10a ed.), São Paulo: HUCITEC.

Onuma, F. M. S., Zwick, E. & de Brito, M. J. (2015). Ideologia gerencialista, poder e gestão de pessoas na administração pública e privada: uma interpretação sob a ótica da análise crítica do discurso. Revista de Ciências da Administração, 17(42), 106-120.

Paillé, A. (2007). De l’insu du travail ou les malentendus de l’intelligence pratique. In Symposium Sciences de l’éducation et santé, Congrès international de l’Actualité de la recherche en éducation et en formation, Strasbourg, France.

Piolli, E. (2013). Gerencialismo e Heteronomia - o trabalho, a identidade e a saúde do diretor de escola frente às políticas e programas de qualidade da Secretaria de Educação de São Paulo. In: XXVI Simpósio Brasileiro de Política e Administração da Educação, 2013, Recife. Anais do XXVI Simpósio Brasileiro de Política e Administração da Educação. Recife: ANPAE. 17, 1-17.

Ramos, G. (2009). Uma introdução ao histórico da organização racional do trabalho. Brasília: Conselho Federal de Administração.

Sartre, J. (2007). O ser e o nada: ensaio de fenomenologia ontológica. Tradução: Paulo Perdigão. (15a ed.), Petrópolis: Vozes.

Schumpeter, J. A. (1985). Teoria do desenvolvimento econômico. São Paulo: Nova Cultural.

Sennett, R. (2009). A corrosão do caráter: as consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. (14a ed.), Tradução de Marcos Santarrita. Rio de Janeiro: Record.

Trindade, F. E. (2004). Administração científica de Taylor e as “novas formas” de organização do trabalho: possibilidades de coexistência? Um estudo de caso na indústria têxtil catarinense. 2004, 213f. Dissertação (Mestrado em administração) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis –SC.

Vargas, M. A. O., & Mancia, J. R. (2019). A importância e seriedade do pesquisador ao apontar as limitações do estudo. Revista Brasileira de Enfermagem, 72(4), 832-833. Epub August 19, 2019.

Vera, L. C. R. G., de Souza-Lima, J. E., & Maciel-Lima, S. M. (2015). Elementos de meio ambiente do trabalho equilibrado como fator de desenvolvimento humano. IntersciencePlace, 1(12).

Downloads

Publicado

14/08/2020

Como Citar

ALENCAR, A. V. C. .; SANTOS, A. C. B. dos .; ARAÚJO, A. A. A psicodinâmica do trabalho como lente teórica para o estudo do gerencialismo flexível. Research, Society and Development, [S. l.], v. 9, n. 9, p. e144996786, 2020. DOI: 10.33448/rsd-v9i9.6786. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/6786. Acesso em: 22 nov. 2024.

Edição

Seção

Ciências Humanas e Sociais