Agroecologia e emancipação de gênero: Protagonismo das mulheres do assentamento Osvaldo de Oliveira
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v9i9.8104Palavras-chave:
Gênero;; Agroecologia;; Trabalhadoras rurais;; Projeto de Desenvolvimento Sustentável;; Osvaldo de Oliveira.Resumo
Embora os movimentos sociais tenham, em certa medida, conseguido alguma democratização dos espaços, isso não é recorrente e tornou-se pauta na luta por políticas inclusivas, especialmente nas questões de gênero. O estudo pretende analisar a importância da agricultura familiar e da agroecologia na promoção e manutenção de equidade e emancipação de gênero a partir das experiências das assentadas do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Osvaldo de Oliveira, localizado em Macaé/RJ. O problema de pesquisa consiste em como as diferentes ações realizadas pelo movimento agroecológico executado no PDS repercutem no processo de politização e emancipação das mulheres que residem no assentamento. A metodologia consiste na revisão de literatura, análise de legislação federal, de documentos oficiais e dos discursos apresentados pelo movimento em seu sítio eletrônico sobre a ferramenta tecnológica da agroecologia e entrevistas abertas com as mulheres assentadas. Verificou-se como resultado que, a luta assumida pelos movimentos de mulheres rurais, atuam em duas principais frentes: a reivindicação pela reforma agrária e por políticas agrícolas diferenciadas para os agricultores familiares, como também demandas específicas de acesso e manutenção de direitos específicos. Conclui-se que, embora as mulheres assentadas no PDS Osvaldo de Oliveira sejam estimuladas a se tornarem agentes de transformação social e protagonistas de sua história de vida e política, ainda há dificuldades decorrentes das questões sexistas, em especial na capacidade de liderança e lugar de fala para as demandas voltadas a consagração de direitos das mulheres.
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