Composição físico-química e potencial antimicrobiano do mel de abelhas sem ferrão: um alimento de qualidade diferenciada
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v9i10.8223Palavras-chave:
Antibiograma; Qualidade; Abelhas sem ferrão; Resistência; Antibióticos; Alimentos.Resumo
Este estudo teve como objetivo avaliar a atividade antimicrobiana de mel de abelhas frente a cepas de bactérias gram-negativas e positivas, bem como determinar os parâmetros físico-químicos desse mel. Foram avaliadas sete amostras mel de espécies de abelhas sem ferrão. Os parâmetros físico-químicos avaliados foram pH, umidade, atividade de água, acidez, cinzas, condutividade elétrica e cor. A atividade antimicrobiana foi determinada por meio de testes de ágar de difusão em disco e concentrações inibitórias mínimas. Verificamos que existe uma relação entre os parâmetros físico-químicos e a atividade antimicrobiana. A concentração inibitória mínima de 25% de mel foi capaz de inibir o crescimento de bactérias gram-positivas e-negativas; a maior eficácia foi verificada para as espécies de abelhas Melipona mondury, M. quadrifasciata, Scaptotrigona bipunctata e Tetragona clavipes. Em relação ao sinergismo, Escherichia coli manteve seu perfil de sensibilidade em relação a todos os méis estudados associados a antimicrobianos. Um fator importante a se considerar é a concentração de mel capaz de sensibilizar o microrganismo, pois tem se mostrado dependente da espécie de abelha sem ferrão. No entanto, todas as amostras de mel apresentaram atividade antimicrobiana em diferentes métodos de análise. Esses dados sugerem que o mel é uma alternativa promissora para sensibilizar microrganismos resistentes, para a saúde de humanos e animais.
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