Amido de mandioca modificado por oxidação: propriedades físicas e químicas e perfil de textura de géis
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v9i10.8238Palavras-chave:
Modificação química; Amido; Manihot esculenta Crantz; Textura.Resumo
O amido é um importante composto na alimentação humana, pois é uma fonte energética de grande relevância. Porém, o amido nativo apresenta certas limitações que dificultam a sua utilização, assim, podem ser modificados visando adquirir estabilidade, melhorar as características reológicas das pastas ou de textura dos géis, entre outros. Objetivou-se avaliar o efeito da modificação química (oxidação) na composição química de amidos de mandioca, assim como, nas propriedades físicas e químicas e no perfil de textura dos géis obtidos a partir deles. Foi realizada uma pesquisa experimental com uma abordagem quantitativa de natureza aplicada e método hipotético dedutivo, de objetivos explicativos e procedimentos experimentais. Três marcas de amidos comerciais foram avaliadas, sendo selecionada uma delas para posterior modificação. Foram utilizadas as modificações por permanganato de potássio, hipoclorito de sódio ou ácido cítrico. Os amidos (nativos ou modificados) foram submetidos às análises de composição química, enquanto os géis (3 e 5%) foram avaliados quanto ao perfil de textura (firmeza, coesividade, resiliência, adesividade, gomosidade e elasticidade) e as propriedades físicas e químicas dos géis obtidos a partir deles. Uma marca de amido nativo comercial foi considerada mais apropriada para a modificação química por possuir menor conteúdo de amilose e resultar em géis com parâmetros de textura intermediários. Foi realizada uma análise exploratória dos resultados. A modificação de amidos por oxidação com ácido cítrico ou hipoclorito de sódio resultou em géis com menor firmeza, gomosidade e adesividade e maior claridade, coesividade, resiliência e elasticidade do que os amidos nativos. Além disso, o valor nutricional do amido não foi alterado pela modificação química. O amido modificado com permanganato de potássio originou géis com características físicas, químicas e de textura adequadas, mas apresentou coloração demasiadamente escura, o que limita a sua utilização em alimentos processados. Recomenda-se o uso de amidos modificados por oxidação em coberturas de alimentos, molhos para salada, maionese, como agentes ligantes em produtos de confeitaria ou como emulsificantes.
Referências
Adebowale, K. O., & Lawl, O. S. (2003). Functional properties and retrogradation behavior of native and chemically modified starch of mucuna bean (Mucuna pruriens). Journal of the Science of Food and Agriculture, 83, 1541-1546.
Almeida, E. C., Bora, P. S., Zárate, N. A. H. (2013). Amido nativo e modificado de taro (Colocasia esculenta L. Schott): caracterização química, morfológica e propriedades de pasta. B. Ceppa, 31, 67-82.
Association of Official Analytical Chemistry (AOAC). 2004. Official methods of analysis of AOAC International. (16a ed.), Arlington, 2.
Bello-Perez, L. A., García-Suárez, F. J., Méndez-Montealvo, G., Nascomento, J. R. O., Lajolo, F. M., Cornenunsi, B. R. (2006). Isolation and characterization of starch from seeds of Araucaria brasiliensis: A nover starch for application in Food Industry. Starch/Stärke, 58, 283-291
Brasil. Resolução – CNNPA nº 12, de 1978. Aprova Normas técnicas especiais, do Estado de São Paulo, revistas pela CNNPA, relativas a alimentos (e bebidas), para efeito em todo território brasileiro. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF.24 jul. 1978.
Brasil. Resolução- RDC ANVISA, n. 263, de 22 de setembro de 2005, aprova o Regulamento Técnico para produtos de Cereais, Amidos, Farinhas e Farelos. Diário Oficial [da] República do Brasil, Brasília, DF.24 set. 2005.
Chrastil, J. (1987). Improved colorimetric determination of amylose in starches and flours. Carbohydrate Research, 159, 154-158.
Daniel, A. P., Bochi, V. C., Steffens, C., Silva, L. P., Emanuelli, T. (2006). Fracionamento a seco da farinha de aveia e modificação química da fração rica em amido. Ciência e Tecnologia de Alimentos, 26, 936-943.
De Brito, R. S., de Brito, R. S., do Vale Moreira, J. G., & de Oliveira, A. V. (2019). Produtividade de mandioca na região do Vale do Juruá, Amazônia Ocidental. Scientia Naturalis, 1(1).
Dias, A. R. G. Efeito de oxidantes, de ácidos orgânicos e da fração solúvel em água na propriedade de expansão do amido de mandioca fermentado. Tese (Doutorado em Tecnologia de Alimentos) – Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 183 p., 2001.
Gonçalves, M. F. V., Sarmento, S. B. S., Dias, C. T. S., Marquezini, N. (2009). Tratamento térmico do amido de batata-doce (Ipomoea batatas L.) sob baixa umidade em micro-ondas. Ciência e Tecnologia de Alimentos, 29, 270-276.
Hernández-Medina, M., Torruco-Uco, J. G., Chel-Guerrero, L., Betancur-Ancova, D. (2008). Caracterización físicoquímica de almidones de tubérculos cultivados em Yucatán, México.
ISO. Determination de la teneur em amylose. ISSO 6647. International Organization for Standarization, Suiça, 1987.
Kaisangsri, N., Kowalski, R. J., Kerdchoechuen, O., Laohakunjit, N., & Ganjyal, G.M. (2019). Cellulose fiber enhances the physical characteristics of extruded biodegradable cassava starch foams. Industrial Crops and Products, 142, 111810.
Lawal, O. S. (2004). Composition, physicochemial properties and retrogradation characteristics of native, oxidised, acetylated and acid-thinned new cocoyam (Xanthosoma sagittifolium) starch. Food Chemistry, 87, 205-218.
Lima, R. R. O., Silva Junior, N. P., Sá, F. M. P. (2014). Propriedades funcionais do amido do feijão andú (Cajanus cajan L.) nativo e modificado por acetilação. Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente, 5, 113-126.
Maniglia, B. C., Lima, D. C., Matta Junior, M. D., Le-Bail, P., Le-Bail, A., & Augusto, P. E. D. (2019). Hidrogéis à base de amido de mandioca ozonizado: Efeito do processamento de ozônio e das condições de gelatinização no aprimoramento da capacidade de impressão para aplicações de impressão 3D. International Journal of Biological Macromolecules.
Park, J. J., Olawuyi, I. F., & Lee, W. Y. (2020). Characteristics of low-fat mayonnaise using different modified arrowroot starches as fat replacer. International Journal of Biological Macromolecules. doi:10.1016/j.ijbiomac.2020.02.331
Pereira, L. D. (2011). Caracterização do amido nativo e modificação química do amido da fruta-de-lobo (Solanum lycocarpum) com tripolifosfato de sódio. Dissertação (Mestrado em Ciências Moleculares) - Universidade Estadual de Goiás. 68p.
Pereira, J. M. (2014). Oxidação do amido de milho com hipoclorito de sódio e peróxido de hidrogênio. Trabalho de Conclusão de Curso (Engenharia de Alimentos) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campo Mourão. 47p.
Punia, S. (2019). Barley starch modifications: Physical, chemical and enzymatic - A review, International Journal of Biological Macromolecules.
Sajilata, M. G., Singhal, R. S. (2005). Specialty starches for snack foods. Carbohydrate Polymers, 59, 131–151.
Sangseethong, K,; Lertphanich, S.; Sriroth, K. (2009). Physiochemical properties of oxidized cassava starch prepared under various alkalinity levels. Starch/Stärke, 61, 92-100.
Silva, R. M., Ferreira, G. F., Shirai, M. A., Haas, A., Scherer, M. L., Franco, C. M. L., Demiate, I. M. (2008). Características físico-químicas de amidos modificados com permanganato de potássio/ácido lático e hipoclorito de sódio/ácido lático. Ciência e Tecnologia de Alimentos, 28, 66-77.
Tiezzi, V. S. (2016). Aproveitamento de resíduos da indústria de processamento de mandioca para produção de álcool.
Wang, X., Huang, L., Zhang, C., Deng, Y., Xie, P., Liu, L., & Cheng, J. (2020). Research advances in chemical modifications of starch for hydrophobicity and its applications: A review. Carbohydrate Polymers, 116292.
Weber, F. H., Collares-Queiroz, F. P., Chang, Y. K. (2009). Caracterização físico-química, reológica, morfológica e térmica dos amidos de milho normal, ceroso e com alto teor de amilose. Revista Ciencia e Tecnologia de Alimentos, 29 (4), 748-753.
Wurzburg, O. B. (2006). Modified starches. In: Stephen, A. M., Phillips, G. O., Williams, P. A. (Ed.). Food polysaccharides and their applications. (2a ed.) Boca Raton:CRC, 87-118..
Xie, X. S., Liu, Q. (2004). Development and physicochemical characterization of new resistant citrate starch from different corns starches. Starch/Stärke, 56, 364-370.
Zhao, Y., Huerta, R. R., & Saldaña, M. D. A. (2019). Use of subcritical water technology to develop cassava starch/chitosan/ gallic acid bioactive films reinforced with cellulose nanofibers from canola straw. The Journal of Supercritical Fluids.
Zavareze, E. R., Pereira, J. M., Moura, F. A., Spier, F., Helbig, E., Dias, A. R. G. (2010). Teor de amido resistente e perfil de textura de amidos de arroz com diferentes níveis de amilose modificados hidrotermicamente. Brazilian Journal of Food Technology, III SSA, 96-101.
Zhu, F. (2015). Composition, structure, physicochemical properties, and modifications of cassava starch. Cabohydrate Polymers, 122, 456-480.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Jiuliane Martins da Silva; Bogdan Demczuk Junior; Vitória Bitant Vieira; Suellen Jensen Klososki ; Carlos Eduardo Barão; Keren Hapuque Pinheiro; Tatiana Colombo Pimentel
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.