Memória, linguagem e reprodução da memória social na cartilha de alfabetização do governo militar (1964 - 1985): MOBRAL/PAF - Brasil
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v9i11.9764Palavras-chave:
Memória; Reprodução social; Cartilha; MOBRAL/PAFResumo
Em 1966, o governo militar criou o Movimento Brasileiro de Alfabetização MOBRAL que foi instituído pela Lei nº 5.379, de 15 de dezembro de 1967 e implementado em 1970. Neste artigo apresentamos os resultados da pesquisa que realizamos acerca da cartilha elaborada por esse programa. Por meio da análise empreendida, foi possível constatar que a cartilha foi pensada e elaborada na perspectiva da alfabetização funcional e da ordem ideológica de reprodução de visões de mundo que colocam os sujeitos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem como reprodutores da realidade social. A cartilha do Movimento Brasileiro de Alfabetização, em seu subprograma Alfabetização Funcional - MOBRAL/PAF expressa uma organização baseada numa concepção funcionalista e ideológica de educação, com mensagens subliminares, tudo indica, para estabelecer memórias consensuais, úteis ao seu propósito: o controle do metabolismo social; de conflitos e o estimular ao nacionalismo, tendo em vista garantir a continuidade do campo produtivo, baseado na divisão do trabalho e de homens e mulheres em lugares sociais já estabelecidos. Dir-se-ia que foi estruturada visando a entrelaçar retórica e lições, para reforçar a perpetuação de uma realidade, estabelecida ad aeternum.
Referências
Alves, M. H. M. (2005). Estado e oposição no Brasil: (1964-1984). Bauru, SP: Edusc.
Braggio, S. L. B. (1992). Leitura e alfabetização: da concepção mecanicista à sociopsicolinguística. Porto Alegre: Artes Médicas.
Brasil. (1975a). Ministério da Educação e Cultura. MOBRAL. Fundação Movimento Brasileiro de Alfabetização. Documento Base. (7a ed.). Rio de Janeiro: Abril Cultural.
Brasil. (1975b). Ministério da Educação e Cultura. MOBRAL. Fundação Movimento Brasileiro de Alfabetização. Livro de leitura. (7a ed.). Rio de Janeiro: Abril Cultural.
Brasil. (1980). Ministério da Educação e Cultura. Fundação Mobral. Alfabetização: guia do alfabetizador. 19. ed. Rio de Janeiro: Abril Cultural.
Chauí, M. (2014). Manifestações ideológicas do autoritarismo brasileiro. Organização: André Rocha. (2a ed.). Belo Horizonte: Autêntica; São Paulo: Fundação Perseu Abramo.
Durkheim, E. (2001). As regras do método sociológico. São Paulo: Martin Claret. (Coleção a obra prima de cada autor).
Fernandes, F. (1982). A ditadura em questão. São Paulo: T.A. Queiróz.
Freire, P. (2007). Ação cultural para a liberdade. São Paulo: Paz e Terra.
Germano, J. W. (1993). Estado militar e a educação do Brasil. São Paulo: Cortez.
Giroux, H. (1986). Teoria crítica e resistência em educação. Petrópolis: Vozes.
Goldmann. (1979). Dialética e cultura. (2a ed.). Rio de Janeiro: Paz e Terra.
Halbwachs, M. (2003). A memória coletiva. (B. Sidou, Trad.). São Paulo: Centauro.
Halbwachs, M. (2004). Los marcos sociales de la memória. (M. A. Baeza & M. Mujica. Trad.). Barcelona: Antrophos Editorial; Concepcion: Universidad de La concepcion; Caracas: Universidade Central de Venezuela.
Jannuzzi, G.S.M. (1979). Confronto pedagógico: Paulo Freire e o Mobral. São Paulo: Cortez; Moraes.
Koche, J.C. (2011). Fundamentos de Metodologia científica: teoria da ciência e iniciação à pesquisa. Petrópolis, RJ: Vozes.
Kuenzer, A. Z. (2007). Da dualidade assumida à dualidade negada: o discurso da flexibilização justifica a inclusão excludente. Educação e Sociedade, v. 28, n.100 especial, p. 1153-1178.
Ludke, M. & Andre, M.E.D. (2013). A pesquisa em educação: abordagens qualitativas (2a ed). Rio de janeiro: E.P.U.
Magalhães, L. D. R. & Almeida, J. R. M de. (2011). Relações simbióticas entre memória, ideologia, história e educação. In: Lombardi, J. C.; Casimiro, A. P. B. S. & Magalhães, L. D. R. (org.). História, memória e educação. (1a ed.). Campinas, SP: Alínea.
Mészáros I. (2004). O poder da ideologia. Tradução: Paulo Cézar Castanheira. São Paulo: Boitempo.
Pereira, A. S., et.al. (2018). Metodologia da pesquisa científica [e.book]. Santa Maria. Ed. UAB/UFSM.
Oliveira, L. B. & Souza, S. T. (1990). A alfabetização no MOBRAL: métodos e materiais didáticos. (Uberlândia/MG,1970-1985). Revista Brasileira de Alfabetização, 100, p. 32.
Paiva, V. P. (1987). Educação popular e educação de adultos. São Paulo: Loyola.
Peralta, E. (2007). Abordagens teóricas ao estudo da memória. Antropologia, Escola e Memória. Centro de Estudos de Etnologia Portuguesa, n. 2 (Nova Série).
Santos, R. A. (2015). Movimento Brasileiro de Alfabetização – Mobral: democratizando memórias e desvelando propostas legais pedagógicas. In: REPARQ, 4., 2015. Anais [...] João Pessoa, UFPB.
Saviani, D. (2008). Histórias das ideias pedagógicas no Brasil. (2a ed.). Campinas: Autores Associados.
Torres, C.A. (2001). Grendezas y miserias de La educación latinoamericana Del siglo veinte. In. Paulo Freire y La agenda de La educación latino americana em el siglo XXI. Buenos Aires: CLACSO.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Margareth Correia Fagundes Costa; Lívia Diana Rocha Magalhães
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.