Formação de professores a distância pela Universidade Aberta do Brasil: democratização e acesso ou massificação e mercantilização da formação?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v10i6.15822

Palavras-chave:

Educação a distância; Formação de professores; Democratização e acesso; Universidade Aberta do Brasil; Massificação e mercantilização.

Resumo

Este trabalho tem como objetivo discutir os caminhos percorridos pela formação de professores na Universidade Aberta do Brasil (UAB) e o quanto as premissas de Educação a Distância (EaD) e da UAB se aproximam ou distanciam da proposta de acesso e democratização do ensino em contrapartida ao processo de mercantilização e massificação da formação. Foram analisadas teses no Catálogo de Teses da CAPES que versaram sobre políticas educacionais no contexto da UAB entre 2006 e 2016, bem como documentos e leis que tratam sobre o tema aqui discutido. Verificamos que a UAB foi criada com o propósito de atender à crescente demanda por formação de professores, à interiorização, ao acesso e democratização da educação pública superior no país. Contudo, o modelo projetado pra UAB é embasado num sistema precário de pagamento de bolsas de pesquisa para docentes e tutores e caracterizado por um processo de descontinuidade de financiamento que levou as instituições à busca do barateamento dos cursos com adoção de menor número de tutores, material didático e visita aos polos de apoio presencial.  Houve um processo de desresponsabilização do Estado com o ensino superior transferindo aos municípios e estados a reponsabilidade com esta formação sem a contrapartida necessária para uma formação emancipatória. Assim, o Programa mais se aproximou ao modelo massivo-mercantil do que à democratização.

Biografia do Autor

Vicente Batista dos Santos Neto, Instituto Federal de Edudação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro

Doutor em Educação pela Universidade Federal de Uberlândia (2019). Mestre em Adminsitraçã pela Universidade Fedral de Uberlândia(2004). Graduado em Administração pela Faculdade de Ciências Econômicas do Triângulo Mineiro (2001). Foi professor da rede municipal de ensino de Uberaab (1988-2009), da Faculdade de Ciencias Econcomicad do Triangulo Mineiro (2003 a 2007), do Centro Universitário do PLanalto de Araxá (2007 a 2010). Atuou entre 2015 a 2017 como professor na Universidade Federal do Triâmngulo Mineiro Campus Iturama. É professor de ensino básico, técnico e tecnológico do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do triângulo Mineiro (IFTM) desde 2009. Foi Coordenador da Universidade Aberta do Brasil - UFTM de 2016 a 2017 e do IFTM de 2010 a 2013.  Foi coordenador do Curso de Administração da Universidade Presidente Antônio Carlos-UNIPAC entre 2007 e 2008 em Uberaba e professor da Escola Técnica de Formação Gerencial - SEBRAE - MG, em Uberaba - MG. Foi professor do Curso de pós-graduação(especialização) em Assessoria Organizacional com Ênfase em Gestão Empresarial das Faculdades Associadas de Uberaba - FAZU. Possui experiência na área de educação, com ênfase em educação a distância, administração de sistemas educacionais, atuando principalmente nos seguintes temas: educação a distância, gestão escolar, formação de professores.

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Publicado

28/05/2021

Como Citar

SANTOS NETO, V. B. dos. Formação de professores a distância pela Universidade Aberta do Brasil: democratização e acesso ou massificação e mercantilização da formação? . Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n. 6, p. e21410615822, 2021. DOI: 10.33448/rsd-v10i6.15822. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/15822. Acesso em: 2 jul. 2024.

Edição

Seção

Ciências Educacionais